Quando pedimos a um adolescente para ir ao dicionário encontrar o significado de uma palavra ou traduções para outra língua, é como pedir para fazer uma viagem no tempo e o tempo de estudo e trabalho escolar torna-se uma aventura, se a pré-disposição que criarmos levar a isso.
No Espaço Crescer Centro de Estudos (https://espacocrescer2012.wordpress.com/), local onde faço diariamente o acompanhamento ao estudo a alunos do 1º ao 3º ciclo, todos são levados a utilizar todas as ferramentas disponíveis para conseguir ultrapassar obstáculos que encontrem.
Uns demoram mais, outros demoram menos.
Uns entram em tédio, outros são surpreendidos e tudo se torna muito mais interessante.
"Oh Sónia, mas temos Internet, o dicionário dá muito trabalho e eu não tenho tempo!"
Sim, a realidade é que na maioria das vezes o que há a fazer é tanto que o mais rápido é mesmo irem ao seu tão querido telemóvel ou outro aparelho similar e procurar o que pretendem.
Mas, "Imagina que falta a luz e ficamos sem net?"
Aqui a reação é de olhos bem abertos e lá se levantam para ir buscar o tão receado dicionário.
15 minutos se passam e a palavra teima em não aparecer.
"Sónia, este dicionário não tem a palavra que quero!"
Engraçado, nunca tem...
Até que, tudo fica em silêncio e aquelas cabeças são confrontadas com novas palavras e novos significados. Qualquer mente em crescimento é curiosa. Quando bem estimulada, acontecem maravilhas.
O caso que partilho da fotografia acima (perdoem-me a qualidade), é a procura da palavra "share" no dicionário da Porto Editora de Inglês-Português, Português-Inglês.
Se repararmos na fotografia, está rodeada outra palavra. O que estava o dicionário a fazer naquela página, de palavras iniciadas por H e não S, não me perguntem, é só pensar que toda a visita àquelas páginas é uma descoberta.
O mais interessante foi a exclamação que se ouviu do aluno de 6º ano:
"Nossa, o que se lê nestes livros... "Caçadores de cérebros", está aqui!"
Headhunter é um conceito conhecido em recursos humanos, relacionado com o recrutamento de profissionais.
Para um aluno de 6º ano, foi como que o ensinamento para um filme de terror. "E são estes livros recomendados pela escola!"
Assim percebemos que a grande diferença em ir ao dicionário online e ao dicionário em papel é que, pelo caminho, no primeiro encontramos apenas um teclado e um motor de busca onde escrevemos o que pretendemos e ele rapidamente nos dá a resposta, e no segundo, como somos nós mesmos a percorrer o caminho e a escolher e resposta que desejamos, tudo se torna muito mais aliciante no sentido em que somos confrontados com realidades que não conhecemos nem nunca ouvimos falar.
O que fazer em tempos em que o trabalho escolar acalma? Influenciem-nos a pegar em livros, mesmo não deixando os aparelhos, e verão que os livros ganham sempre!
Boas caçadas!