segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Igualdade Feminina


Hoje, 26 de agosto, assinala-se o dia Internacional da Igualdade Feminina.
8 de Março é o Dia da Mulher, certo. Então para quê mais um dia?
Em 1973, já lá vão 51 anos, no Congresso dos Estados Unidos foi instituído este dia com o objetivo de relembrar anualmente as várias conquistas das mulheres na vida ativa da sociedade.
Visto com os olhos de 2024, em plena Europa, parece irrelevante.
Mas não é... Basta sair da Europa e vemos locais onde a mulher nem sequer pensa no voto nem na sua utilidade enquanto mulher.
Uma das grandes conquistas foi essa mesmo: direito de voto.
Hoje em dia faz sentido utilizar este dia para refletir sobre o que ainda há por fazer no que toca à igualdade de género.
Será que os ordenados são iguais para homens e mulheres?
Não. Porquê? 
Será pelas funções que lhes permitem desempenhar?
Tendo eu estado em funções que maioritariamente são de homens (comandante de pelotão de atiradores no exército), tendo eu recebido o mesmo que os homens, penso que o problema não está na organização, pois essa tem requisitos de entrada, tem tabela de ordenados, funções bem definidas, tudo muito bem estruturado e estandardizado.
O problema está nas mentalidades, tanto dos colegas que rodeiam a mulher que ocupa o lugar que se esperava ser de um homem, como das próprias mulheres que pretendem essas funções e ainda não conseguem encontrar o equilíbrio da condição feminina.
Eu tive a sorte de ter colegas excelentes, e chefes também. Isto permitiu-me ter tempo para encontrar o meu equilíbrio enquanto mulher. 
Parece que estou a falar de algo abstrato? É isso que sinto quando o tema é lançado para os debates.
Então, para que este tema possa ser trabalhado corretamente com os adolescentes e jovens que serão os trabalhadores num futuro próximo, sugiro ser mais concreto e pô-los a entrevistar pessoas que sentem esta dificuldade e pessoas que não a sentem. Nem tudo é mau e as boas histórias podem ser exemplo do caminho a seguir.
Voltando ao meu exemplo, que esse já ninguém me tira:
- quando confrontada com outras organizações, a desempenhar as minhas funções, era colocada em causa, mas com o espaço que os meus colegas e chefes me davam, tive tempo para arranjar forma de saber lidar com isso e superar essa ignorância de trabalhadores de outras organizações;
- quando a fase do mês conhecida por menstruação, de que praticamente nenhuma mulher se livra, chegava, eu tive que conseguir fazer os exercícios militares, desempenhar tudo o que desempenhava nos outros dias, optando por tomar medicação em vez de pedir folga pois isso tiraria a igualdade que tinha conquistado até aí, os meus colegas e as pessoas que dependiam de mim não o mereciam;
- quando tinha que me vestir, dormir, tomar banho e fazer o mais variado tipo de atividades íntimas num meio só de homens, consegui arranjar estratégias para me tornar "invisível" pois nenhuma instituição nada em dinheiro para fazer uma instalação sanitária só para mim enquanto mulher; mais uma vez, isso tiraria a igualdade até então conquistada;
- ser mãe, queria e já o sou, tal como os meus colegas queriam ser pais e já o são, e por aqui não entro pois daria outro artigo.
E desses 10 anos só tenho histórias boas, pois as más ficaram no passado e só servem como exemplo de más práticas, elas não me definem.
Por isso, mais do que leis, este dia foi feito para todos refletirmos no nosso papel nesta igualdade feminina e refletir sobre a forma como reagimos perante aqueles que são intolerantes, que não respeitam essa mesma igualdade.

Queremos ensinar os mais jovens a atacar apenas ou queremos que eles se tornem pessoas resilientes e de sucesso?

Sobre a agenda da União Europeia e do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, penso que é realmente ambicioso mas pode ser visto como uma motivação para que algo mude até 2030. No entanto, as profissões terem o mesmo número de homens e mulheres também me parece exagero.
A igualdade de acesso, ok. A igualdade de tratamento, ok.
Mas será que as mulheres querem mesmo seguir para as áreas da tecnologia em igual proporção aos homens? Têm que mudar o que querem e o que têm jeito para fazer apenas para haver igualdade?
Eu adoro ser professora de ciências, mas não me vejo, de todo, numa grande empresa a fazer ciência, apenas porque gosto de estar com os alunos e fazer o crescimento com eles. É a minha vocação. Não é medo de seguir a área da tecnologia.

Queremos ensinar os mais jovens a seguir a maioria ou a ter a sua vontade própria e caminho definido com sentido para si?

Nem tudo é cor-de-rosa, nem tudo é um arco-íris, há quem goste de preto e de vermelho.

Boas reflexões!