retirado de https://www.kaplanco.com/ii/bullying
Após ter conhecimento de um caso de bullying na escola nova da sua filha, a escola na qual escolheu depositar a sua confiança quanto à educação da sua filha, uma mãe regressa a casa e conversa com ela:
- Então, como correu o teu dia?
- Bem!
- Estás a gostar da escola?
- Sim.
- Da professora e das auxiliares?
- Sim (a sorrir). Da turma...
- E da turma, dos colegas novos?
- Sim (continuando a sorrir).
- E o que aconteceu de especial hoje? Correu sempre tudo bem?
- Sim. Mas o Diego, quando eu estava no polivalente deitada no banco azul à espera da hora de sair, deu-me pontapés para eu ir embora.
- A sério? E o que fizeste?
- Fui ter com a Marta, a auxiliar, e contei-lhe. Ela disse-me para fazer igual ao Diego e eu fiz, dei-lhe pontapés também.
A mãe para de a secar com a toalha e fica a olhá-la. Depois da situação de que teve conhecimento nessa mesma escola, em que as auxiliares eram também responsáveis por isolar a menina em questão, muita coisa passou pela cabeça da mãe, mas nada disse.
- Mãe, estás triste comigo? Chateada ou...?
- Nada, não sei que diga.
A noite desenrolou-se na normalidade sem tocarem mais no assunto, falando sobre os sucessos e aprendizagens desse dia. Apenas quando chegou a hora de escolher a história para contar, a menina disse:
- Hoje contas uma história da tua voz e o Ruca.
E assim foi, a mãe contou a seguinte história da sua voz:
"Era uma vez um menino chamado Pedro que mudou de escola. Todos os dias respondia à mãe que estava a correr tudo bem, menos com um menino que era mal comportado e que lhe bateu. Quando ele contou à professora, esta disse para lhe responder com a mesma moeda, para lhe fazer o mesmo. A mãe do Pedro sugeriu que da próxima vez respondesse à professora que preferia que o menino mau lhe pedisse desculpa pois bater não é bom e não precisamos de responder da mesma moeda. E assim foi, o menino mau bateu novamente ao Pedro e este foi queixar-se à professora que lhe respondeu o mesmo e ficou tão admirada com a resposta que o Pedro lhe deu que decidiu tentar esta nova estratégia em vez de mandar bater. O menino mau ficou tão envergonhado que até chorou, mais do que se lhe tivessem batido a sério."
Acabando a história, a menina diz "vitória, vitória, acabou-se a história", mas a mãe diz-lhe:
- Sabes o que tenho mesmo muito medo? Que te façam mal. Tu dizes-me se te fizerem mal, ok?
- Mas mãe, como, se tu não estás na escola?
A verdade é que essa mãe sabe que a filha terá que sofrer como ela também sofreu quando era nova, tal como todos os meninos e meninas que cresceram passando o dia fora de casa, na escola, na rua, em ocupação de tempos livres ou outras instituições quando os pais ou avós não conseguiam estar com eles.
Todos crescemos nesse mundo, a selva do salve-se quem puder. Mas nem todos temos as mesmas ferramentas prontas a usar.
Nem todos temos inteligência emocional e saúde mental para conseguir ultrapassar os obstáculos.
A mãe, revoltada e cheia de vontade de não deixar passar em branco a situação de bullying que teve conhecimento, vai dormir sobre o assunto.
Vitória, vitória, acabou-se a história. Pelo menos por agora...
Sem comentários:
Enviar um comentário