domingo, 1 de outubro de 2023

Plataforma Intuitivo

 


Dia 23 de setembro deste ano, faz agora uma semana, decorreu na cidade da Maia o primeiro encontro sobre Avaliação Digital com a plataforma Intuitivo.
Lá fui eu até à Maia para perceber melhor sobre a plataforma que já utilizei com o 8º ano no final do ano letivo.
Pessoalmente, não gosto de estar a correr atrás do prejuízo, mas este ano foi o que aconteceu: primeiro utilizei a plataforma para preparar a minha turma para a prova de aferição; e só agora estou a dar os primeiros passos em perceber como funciona.
Uma das frases ditas neste evento resume bem o que penso da passagem para o digital:
Se está a causar mais transtorno do que proveito, é porque não estamos a utilizar bem e mais vale não utilizar.
Ou seja, como ela veio para ficar, dito com todas as palavras no evento, "A Intuitivo ganhou o concurso e será a plataforma digital de exames para os próximos anos", mais vale aprender a utilizar bem e otimizá-la como ferramenta de trabalho.
Começa logo por, tal como referiu Marco Bento, uma prova criada em ambiente digital não dever ser uma réplica do que é aplicado em papel.
Acredita-se assim na cultural dos tutoriais, em que no digital há um feedback imediato para que o aluno, o professor e ambos em conjunto possam refletir sobre o desempenho e avaliá-lo, muito mais complexo do que apenas classificá-lo. Identificam-se erros no imediato, discutem-se esses erros em grupo ou em privado.
Foram demonstrados comentários de alunos que referem que aprendem melhor quando os professores comentam o seu desempenho um a um.
Tal como Dehaene (2020) referiu, tendo sido apresentado neste evento por Eusébio Machado, os quatro pilares da aprendizagem, de acordo com as neurociências, são (1) atenção; (2) envolvimento ativo; (3) consolidação do conhecimento; e (4) feedback.

Por parte da Direção Geral da Educação, o foco foi a ideia de que o digital deve ser utilizado quando faz sentido para a aprendizagem, e isso é o professor em sala que decide.
Para ajudar nessa decisão, a DGAE disponibiliza vários recursos:
Um festival de recursos e as escolas e professores que façam a gestão não regulada. Será que corre bem?

Foi também adiantado que a desmaterialização das provas de 9º ano são já este ano letivo, 2023/24, respondendo assim ao novo Modelo de Atenção Cognitiva, tendo nós que conseguir andaimar a recuperação das aprendizagens, conciliando a passagem para o digital com ou sem condições físicas na escola e seguindo as indicações da Tutela. Claro está que esta parte revolta-me um pouco pois é sempre o outro que dá ordens e nós temos que seguir, mas também criticamos, e fazer mudanças efetivas acabamos por não fazer.

Ana Granja vai mais longe e refere que a pressão da preparação para os exames está a ser utilizada como desculpa para não mudar, continuando a maioria a pensar que avaliar é sinónimo de classificar, mas não é.

O foco da avaliação é melhorar as aprendizagens, não é classificar e seriar.

Há classificações? Claro, para seriar em concursos. Mas como sabemos que atingimos determinada classificação? Através da avaliação contínua.

Laurinda Fernandes deu-me uma visão romântica do que é ser professor. O ideal, arrisco-me a dizer, que poucos conseguem atingir.

Professora de carreira há muitos anos, considera o professor como maestro que orienta os músicos, mantendo-os a seguir uma pauta, mas são os músicos que interpretam a música. A pauta é o currículo, sendo o professor o elo de ligação entre o currículo prescrito e as aprendizagens dos alunos.

Esta professora de ensino secundário vai mais longe e cria cenários de aprendizagem que são negociados com os alunos e revisitados vezes sem conta por eles para perceberem se estão a cumprir com o esperado, como um instrumento de trabalho e não um guião que o professor segue.

A avaliação é escrita por rubricas em conjunto, debatida e alvo de reflexão, pensado sempre no que correu mal e no que se pode fazer para melhorar.

A professora termina referindo: "Avaliação não é parra passar rasteira aos alunos, é para estar com o coração e dar o juízo de valor ao aluno."

A Cidadania para o desenvolvimento foi relembrada pela Professora Rosa Amaral como estratégia nacional, sendo os desafios atuais a construção, a partilha e a reflexão, a dimensão ética e a preocupação com o Outro.

A professora resume esta época em três preocupações:

- de utilizadores a produtores

- da transformação digital (o que não significa que temos todos de utilizar apenas isso)

- do digital às tendências de proibição (o telemóvel como ferramenta e não como "algo a abater")

A Intuitivo entra assim no dia a dia da escola, ou pelo menos pretende, como uma forma de operacionalizar a intencionalidade da aprendizagem e o papel ativo dos alunos. Como plataforma igual para todos, a ideia seria descentralizar a individualidade e problemas de cada casa ou escola e passar a ter uma visão global, onde é possível seguirmos um padrão de avaliação criando equidade, melhorar o que temos e contribuir para essa melhoria.

Por aqui vou experimentando, já com um teste aplicado, corrigido nessa mesma aula, avaliação refletida e classificação obtida em conjunto com os alunos.

Será que corre sempre bem? Penso que dependerá da turma, da qualidade da Internet e outros aspetos.

Vamos experimentado, avaliando e melhorando.

Boas avaliações!

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