Como referi quando voltei de Moçambique, vi coisas que me deram que pensar e muitas são as reflexões que vou tendo.
Uma das reflexões que gostaria de partilhar é sobre a formiga muchém (termo utilizado naquele país).
Para saber mais sobre elas, encontrei um site interessante http://www.matrixdedetiza.com.br/pragas.html (de onde foi retirada a fotografia das formigas). Fui procurar informação pois o que me contaram sobre elas deixou-me surpreendida.
Começando pelo facto de “o povo” as comer e as achar saborosas, o formigueiro também me deixou de boca aberta.
Estava um dia na casa que me acolheu em Lichinga, quando fui à sala e reparei que no buraquinho do chão que estava cada vez maior estavam umas coisitas a mexer. Aproximei-me e quando vi aqueles bichinhos castanhos, não maiores do que a unha do nosso dedo mais pequeno da mão, lancei a pergunta para o ar “O que é isto?”.
Ver todo o tipo de bicho na rua, até nem me surpreendeu, mas a casa ser invadida por bichos vindos de buracos no chão feitos por eles, isso era outra conversa.
Corri à vizinha do lado, expliquei-lhe a situação e depois dela verificar in loco o que se passava, explicou-me que aqueles bichos castanhos eram formigas muchém, que normalmente circulam em terra vermelha e costumam fazer os seus formigueiros furando até à superfície e fazendo “castelos” (termo utilizado por ela) que ficam duros como pedra e ganham as mais diversas formas.
Claro que esta última parte achei um exagero, mesmo vendo o buraco que elas fizeram no chão da sala... Até ao dia em que vi o formigueiro que está na fotografia que vos mostro, dia em que tive a certeza de que a descrição não era um exagero.
Sim, esta “coisa” pontiaguda é um formigueiro de muchém, que está ao lado de uma campa (os cemitérios não têm vedações).
Porque é que esta recordação me faz refletir?
Pois bem, depois de ter recebido o e-mail com o filme que vos mostrei em baixo, pensei logo nestas formigas...
Como é que as formigas, tão pequenas, em conjunto conseguem fazer esta obra tão grande e firme (eu experimentei destruir um formigueiro mais pequeno, sem sucesso) e manter a sobrevivência da sua espécie em terrenos tão vastos, e nós, num país tão pequeno, conseguimos fazer tanta confusão e conflito que em vez de construir para cima, andamos às voltas ao longo dos anos?
Faz-me lembrar conceitos como: colaboração, cooperação, caminhar e trabalhar para um bem comum...
Esta tua última frase faz-me reflectir a mim ... Nas empresas particulares por onde ando este valor (equipa) está cada vez mais cinzento. Poderemos dizer que a culpa é do dinheiro, da evolução de carreira, da preguiça ...enfim ....existem sempre muitas interpretações sobre um mesmo facto.
ResponderEliminarDesculpem se não uso o acordo :) estou a transgredir uma lei :) multem-me ...
Se calhar deve estar relacionado com as próprias características do ser humano.
ResponderEliminarSabemos o que seria ideal, mas a nossa personalidade não está para aí virada...
As formigas fazem o que fazem pois não têm grande margem para pensamento (se é que o têm... não posso argumentar quanto a isso).
Para as pessoas não é bem assim. O nosso trabalho de equipa implica troca de ideias, pois somos seres de ideias. São estas pequenas que complicam tudo...
Há quem diga que não vale a pena pensar muito para não se chatear, que não vale a pena entrar em conversas de ideias contraditórias para não criar conflitos.
Nós só evoluimos com os conflitos, de preferência os menos (ou sem) violentos.
Penso que o nosso problema é o medo dos conflitos de ideias. Quando isto acontece, deveriamos ficar contentes por conseguir fazê-lo respeitando a posição de cada um e não reagindo na defensiva.
Isto sou eu que digo, cheia de ideias que para mim seriam ideais.
E aplicá-las? É bem mais difícil...