quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Vamos apagar a lua?


- Oh pai, que luz grande é aquela? - perguntou a Clara quando estavam a entrar em casa depois do pai a ter ido buscar à piscina.
- É a lua. Hoje está cheia! - respondeu o pai, com admiração.
- A lua?! E porquê que está ali sozinha?
- Sozinha? Não está sozinha! Já reparaste nas luzinhas pequenas que preenchem o céu? Hoje não se vê bem porque a lua está muito luminosa. São estrelas e estão sempre no céu também.
A menina tentou encontrar alguma luzinha olhando para a escuridão do céu que conseguia escapar à luz forte da lua.
- Está ali uma! Tão pequenina! - gritou a Clara.
- Boa! Conseguiste encontrar uma. Vamos para casa que está frio! Depois do jantar mostro-te todas as estrelas e constelações que conheço.
- Constelações!? - admirou-se a menina.
- Sim, depois explico tudo.
Depois do banho, do jantar e de arrumar tudo, finalmente o pai e a Clara conseguiram chegar ao quarto onde o pai já tinha colocado o livro que tinha escrito "O Universo". Clara foi a correr até à sua cama e agarrou naquele livro enorme e com a capa escura e perguntou entusiasmada:
- Podes começar, pai?
- Então vamos lá!
O pai abriu o livro e mostrou todas as estrelas e constelações que apareciam, dizendo os seus nomes: Estrela Polar, Ursa Maior, Ursa Menor, Estrela Cadente, Orion, Três Marias e muitas outras... Clara ficou surpreendida pelo nome esquisito que arranjaram para um grupo de estrelas com uma certa forma: constelação. Finalmente percebeu o que era.
O pai reparou que os olhos de Clara estavam a ficar cansados, fechou o livro, aconchegou-a e Clara adormeceu.
Clara adormeceu a pensar na lua e no grande poder que tinha de iluminar o céu e fazer desaparecer todas aquelas estrelas que lá estavam. Começou a imaginar o que poderia fazer para ajudar as estrelas a aparecerem...
Estava quase a conseguir ter uma ideia quande sente uma mãozinha leve a tocar-lhe no ombro. Olhou para trás assustada e rapidamente se acalmou quando viu um pirilampo lindo, com um chapéu azul bicudo e uma mochila às costas. Clara riu-se e o pirilampo perguntou-lhe, chateado:
- De que te estás a rir? Sou assim tão feio?
- Feio não! Acho-te muito engraçado! Só não percebo o que fazes com esse chapéu e essa mochila...
- O chapéu é para me aconchegar a cabeça nas noites frias em que vou com a minha mochila apagar a lua para poder ver as estrelas. - respondeu determinado o pirilampo.
- Apagar a lua?! - exclamou a Clara - Isso era o que eu estava a pensar fazer! Também quero ver as estrelas que estão escondidas.
- Era isso que te vinha explicar. Só temos que ir à lua, amarrar o fio que tenho na mochila, prender a argola e já está! - afirmou prontamente o pirilampo.
- Só isso? - surpreendeu-se Clara - Posso ir contigo?
- Claro! Vamos!
Clara agarrou-se às pernas do pirilampo e lá foram a voar em direção à lua.
Chegaram lá e o pirilampo deixou a Clara sentada na lua, amarrou a corda à lua por uma ponta e na outra colocou a argola. A Clara viu que já estava pronto e pediu para ser ela a apagar.
Com a sua mão trémula por estar tão perto da lua, puxou a argola e a luz apagou-se. Esperaram uns segundos sentando-se na lua, agora apagada, e começaram a ver as estrelas a aparecer.
Clara ensinou ao pirilampo o nome das estrelas e constelações de que se lembrava:
- Aquelas estrelas que juntas formam uma frigideira são da constelação Ursa Maior. Ali estão as Três Marias...
O pirilampo olhou muito entusiasmado e ficou a conhecer as companheiras da lua que ficam escondidas atrás da sua luz.

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