Como mãe e como professora, tal como tantos outros pais e professores, mesmo estando em pleno mês de julho, é impossível pensar única e exclusivamente em férias.
Diariamente somos bombardeados com notícias, informações, opiniões, reclamações e acusações que nos deixam, pelo menos, à escuta sobre o que poderá ser a partir de meados do mês de setembro.
Ora, segundo o documento redigido pela Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), a situação está definida, dando total flexibilidade aos agrupamentos e escolas privadas que ajustarão a realidade e as necessidades a cada caso.
Incluindo a situação dos alunos que não têm facilidade de acesso tecnológico e de acompanhamento de adultos por muitos motivos que dariam espaço a outra conversa, que opto não ter por enquanto.
O documento tem como título "Orientações para a organização do ano letivo 2020/2021" e está disponível AQUI.
A Federação Nacional da Educação (FNE), está de acordo com o Ministério da Educação, apresentando propostas de melhoria e disponibilizando-se para trabalhar em conjunto. Podemos ver o artigo completo AQUI.
A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) chega a 17 de julho com um vídeo do respetivo Secretário-geral, dizendo algumas verdades, dando opiniões e fazendo ameaças ao Ministério da Educação. Podemos ver a notícia e vídeo completo AQUI.
Ora, a questão que me inquieta é sermos um povo tão pacífico que deixamos que tudo aconteça para reclamar depois.
Se o Ministério da Educação deveria ter avaliado o verdadeiro impacto da forma como o 3º período decorreu? Sim, deveria.
Como avaliaria? Ouvindo os professores e encarregados de educação.
Mas o Ministério diz que os consultou! Não... O Ministério consultou os diretores de agrupamento que, para o bem e para o mal, não conseguem dar voz a todos os professores e encarregados de educação.
Eu preenchi, como encarregada de educação, formulários sobre como decorreu o 3º período. Para onde foi o resultado desse questionário? Não faço ideia!
Estou a escrever e a reler este pequeno artigo e já estou cansada da confusão que escrevi... E isto é apenas um desabafo.
A realidade que temos em Portugal é bastante mais confusa do que estas palavras.
Basicamente, ninguém se entende porque ninguém comunica realmente... Tentam, mas não o fazem...
Quando falamos sobre este assunto com alguém de alguma responsabilidade, é quase tudo tabu e ultrassecreto! Porquê? Não entendo...
Confiamos no nosso Ministério da Educação e respetivos profissionais ou não? São eles que ditam as regras e/ou orientações.
Confiamos nos Diretores de Agrupamento de Escolas e Escolas Privadas ou não? São eles que fazem cumprir as regras tornando a lei exequível e que ajustam as orientações à realidade do contexto em que o estabelecimento está inserido.
Confiamos nos Professores ou não? São eles que representam a Escola, independentemente das regras e orientações, ajustando às suas competências e capacidades a prática letiva possível para determinada turma e contexto.
Confiamos nos Encarregados de Educação ou não? São eles que dão feedback honesto e frontal sobre a realidade de cada aluno.
Se cada um fizer a sua parte e se os outros confiarem nisso, talvez consigamos chegar a algum sítio. Se não fizermos isso, continuaremos aqui nesta situação esquisita e vergonhosa, sem qualquer tipo de estabilidade ou lógica e eu continuarei a tentar ter a televisão desligada na hora do telejornal.
Ah! Nada disto é consequência do COVID-19... Esta pandemia só veio mostrar aquilo que realmente somos como comunidade educativa, TODOS, sem empurrar responsabilidades.
Boas confianças!
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