domingo, 30 de janeiro de 2011

Ensino a Distância


Qual não foi o meu espanto quando me apercebi deste edificio identificado como Ensino a Distância!
Tal como muitos outros estabelecimentos em Lichinga, também este permanece em mistério para alguns habitantes locais.
Talvez um dia consiga encontrar os portões abertos para conhecer o interior e perguntar como funciona e para quem.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Criação de animais


A Escolinha D. Luis Gonzaga teve origem na necessidade de cuidar dos filhos dos trabalhadores da quinta "Cantinho da Solidariedade".
Nesta quinta, aqui chamada "machamba", trabalham pessoas com dificuldades de inserção social, sem escolaridade praticamente nenhuma.
É impressionante a organização de toda a quinta, onde os responsáveis são pessoas competentes mas com baixo grau de escolaridade.
Estes responsáveis teriam sucesso no processo Novas Oportunidades em Portugal, conseguindo rapidamente um grau mais elevado.
Mas aqui o que importa mesmo é saber fazer e ter capacidade de aprender depressa para aplicar depressa.

Utilidade da matemática



Quando temos tudo e sempre da mesma maneira, não nos apercebemos que existem outras formas de fazer.
Surpreendeu-me a solução que a população local encontrou para vender consoante uma certa quantidade.
Em vez de balanças, pois as que há são raras, os vendedores medem doses iguais:sacos de carvão, caixas de batatas, montinhos de fruta, canecas de farinha...
Como vemos nas fotografias, o cliente tem todas as quantidades à vista, onde as gramas não importam, mas sim as quantidades. Dão importância ao número de canecas de farinha e não às gramas de farinha, por exemplo.
Importa para eles saber contar até um determinado número, ou pelo menos, conseguir fazer montinhos sempre iguais.
Apenas serão necessários cálculos para somar os valores caso o cliente queira mais do que a dose pré-definida.
Bastante interessante, visto que poucos são os comerciantes do mercado, aqui "bazar", que aprenderam a contar.
Arriscaria a dizer que estamos perante uma aprendizagem meramente funcional.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Escola D. Luis Gonzaga


Esta é a escola onde vamos lecionar.
Parece um pouco diferente da escola estatal, não é? Até tem mesas e cadeiras!
Para as crianças frequentarem esta escola têm que pagar um valor irrisório, e têm direito a algum material escolar.
O programa do ensino básico é idêntico ao nosso. A grande diferença reside nos professores nacionais, que têm uma formação insuficiente para o que lhes é exigido. Deduzimos o resultado desta mistura cujos pormenores não cabe a este fórum discutir...
O importante é que esta escolinha, nascida pelo Projecto Seiva, veio alfabetizar cerca de 150 crianças até agora, apenas com ajudas voluntárias (Irmãs Doroteias).
Apenas mais um aspecto a salientar da escola estatal: cada professor tem consigo na sala de aula cerca de 120 crianças em simultâneo. Qual pedagogia e didática...?
As nossas salas têm um máximo de 40.
Claro que a escola das Irmãs Doroteias está a ganhar reputação porque os meninos conseguem aprender a ler, escrever e contar. O objectivo é sobre crianças mais desfavorecidas, mas até que ponto deixam de ser desfavorecidas?
E aquelas que, pelo sistema de ensino não conseguir transmitir o necessário, serão alfabetizadas se tiverem aulas particulares? Quem são os desfavorecidos aqui?
Quem não tem recursos financeiros, quem não tem recursos pedagógicos ou os que não têm suficiente dos dois (a residual classe média)?
Este país é de terceiro mundo, mas as pessoas têm consciência plena da importância da educação e isso nota-se pelas listas de espera na escolinha. Ah, e os pais não contestam nem os professores que não sabem fazer contas...
Só a disciplina diária de ir para a escola já os conforta e dá esperança de um futuro melhor.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O diário

Para percebermos melhor a realidade desta localidade, a minha colega escreve diariamente no seu blogue que podemos acompanhar.
http://julia-mozambique.blogspot.com/
Está em francês, mas percebem-se as ideias principais.

Escola estatal


Esta é a escola estatal, onde só lecionam os professores moçambicanos.
O que vemos é o que a escola tem.
Sem palavras...

O grande desafio

Desde 22 deste mês estou por terras de Moçambique com o objetivo de lecionar na Escola D. Luis Gonzaga em Lichinga, provincia de Niassa.
Esta escola nasceu do projecto Seiva coordenado pela congregação das Irmãs Doroteias.
Para saber mais basta ir ao site www.seiva.co.pt.
Entramos assim numa fase de partilha cultural e socioeducativa, iniciada pelo envolvimento da Fundação Benjamim Dias Costa, em particular, a Sala Terra.
É nesta perspectiva, de partilha e envolvimento mútuo, que pretendemos encaminhar este processo de ensino-aprendizagem.
Claro que existirão comparações, pois a realidade da Europa não coincide em nada com a realidade de África, principalmente no meio mais desfavorecido onde nos encontramos e com quem estamos a trabalhar.
Para começar, em vez de professoras, somos agora "titias", tal como todas as auxiliares que nos acompanham para aprenderem a ensinar e continuar a fazê-lo quando regressarmos a Portugal.
Como alguém diz "Não vamos pescar por eles, mas sim ensinar como se pesca".
Espero que gostem desta viagem tanto como eu já estou a gostar.
:)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Boas notícias!

Deixo aqui a indicação do artigo de opinião "Uma ovelha negra não estraga o rebanho!" de M. Margarida Rufino publicado no Jornal de Cascais N.º 247 de 15 de Dezembro de 2010.
Este artigo faz referência ao Relatório PISA, ocultando os dados bastante satisfatórios referentes ao desempenho dos professores.
Para além de serem vistos pelos alunos como disponíveis e prestáveis mesmo fora das aulas, reflectindo assim um bom relacionamento entre professor-aluno, são também considerados como bons veículos de inclusão para aqueles alunos com diferenças socioeconómicas.
Nem tudo é mau, e a mensagem da autora passa por sublinhar que não é por existirem professores menos bons e não tão competentes, que devemos rotular todas as pessoas com esta profissão.