segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

No mundo da Lua



Daqui de onde eu estou, só vejo nevoeiro.

Sendo uma eterna sonhadora, pensam, com frequência e sem coragem de o admitir, que eu vivo no mundo da Lua.

É nestes dias, em dias de nevoeiro, que eu tenho a sensação, quase certeza, que se eu estou no mundo da Lua, há muitos que vivem numa Terra tóxica, cheia de poluição da pior, onde reinam os pensamentos egoístas e sobre o próprio umbigo.

Aqui da Lua, parece que esse mundo não leva a lado nenhum. Mas parece que só eu é que vejo…

Depois, chega o Natal, e todos compram presentes caros para todos, sem emoção nem longevidade.
Aqui da Lua, quando vejo pessoas a abraçarem-se, tudo me parece mais agradável do que quando vejo embrulhos caros a serem abertos por alguém que não abraça quem deu.

Em dias de sol, vejo que não sou a única no mundo da Lua, não estou sozinha nesta forma de viver.
Afinal não é tão errado assim.

O que tem de errado gostar do que se faz, mesmo que se ganhe menos?
O que tem de errado gostar de brincar com as crianças que me rodeiam?
O que tem de errado pensar menos em mim e mais nos outros?
O que tem de errado conversar com adolescentes como se fosse um?
O que tem de errado ensinar os mais velhos?
O que tem de errado apenas parar quando estou realmente cansada?
O que tem de errado errar de vez em quando?
Cada vez menos são os dias de sol… Cada vez mais são os dias de nevoeiro…

Se morrer, morro a chorar, não por ter vivido no mundo da Lua mas por pena de não ter conhecido mais gente de lá…

Boas festas pela Terra!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Espectadores do Natal


Nesta época natalícia, tal como há uns anos para cá, vou na estrada e penso "Mas está tudo louco?".
Sim. Parece que, em vez de desacelerarem e aproveitarem o tempo que simboliza, as pessoas optem por correr atrás não sei bem do quê...
Uns dizem que é das prendas, outros dizem que é dos ingredientes em falta para que a mesa do natal continue a ser uma mesa cheia de coisas e mais coisas que se comem ou se forçam comer.
Desta vez optei ser espectadora, tal como as crianças o são.
E, devo confessar que, mesmo não saindo do lugar, dou por mim a ficar acelerada também... Nervosa pelo trânsito, chateada pelas filas intermináveis, e surpreendida pela contradição face aos valores desta época.
Fazer o quê? 
Fechar os olhos?
Ganhar a mesma velocidade que todos?
Ou continuar como espectadora desta euforia natalícia contraditória à tranquilidade familiar?
Continuarei a assistir, a trocar as compras por brincadeiras, o trânsito por um belo chá quentinho.
Como farão as crianças que ainda têm o Pai Natal?
As suas cabecinhas devem estar a mil à hora...
Paciência e boa disposição, é o que desejo que as crianças tenham com os adultos neste Natal.

Boas festas!


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Comércio tradicional


De vez em quando lembro-me desta cidade, Lichinga. 
Nesses dias, como o de hoje, lá vou eu procurar mais fotografias para partilhar e dar a conhecer uma realidade tão diferente da minha.
Em 2011, o comércio tradicional de Lichinga não era apenas assim, apesar de ser a maioria.
Tal como nos países ocidentais e na própria cidade de Maputo, capital deste país, há lojas em edifícios mais modernos e com construção mais evoluída.
No entanto, não é isso que é desejado por estas pessoas.
Elas realmente gostam e confiam no que lhes é tradicional.
É mais barato, mais acessível e de mais fácil manutenção.
Para quê ter alta tecnologia se depois não conseguimos fazer uma manutenção correta da mesma?
Apenas criamos mais lixo e aumentamos o preço para os nossos clientes.
Se der uma espreitadela ao álbum Laboral, ficará a conhecer mais exemplos de gestão adequada ao público.
Se a grande maioria não tem dinheiro ou tem pouco, tenho que conseguir vender até a essa maioria.
Assim ficam todos contentes e servidos: quem vende e quem compra.
A situação mais controversa é mesmo a venda de roupa.
Sabemos nós que enviamos para África contentores de roupa para doar. 
Doar a quem? Alguma roupa chega diretamente às famílias mas outra não. É colocada à venda.
Será isso mau?
Ou será o comércio daquela zona assim?
Não nos podemos esquecer que a maioria das famílias não tem máquina de lavar sequer... Lavam a roupa uma vez por semana quando se deslocam ao único rio com caudal suficiente para lavar. Horas de caminhada. Ora, se tiverem muita roupa, têm que carregar muita roupa, visto que também não têm carro.
E por aqui continuaria de lógicas que validam o que para eles é tradicional e deve continuar.
Se quiser pode comprar o livro Titia amanhã não vou vir, onde explico o que realmente vi e vivi com eles.

Bons comércios!

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Edufeira, que mais?

retirado de https://edufeira.cm-feira.pt/ a 5 de novembro de 2019

"inovamos para o sucesso"

É de louvar qualquer iniciativa que nos possa levar à aquisição de competências e aprendizagens para que consigamos viver melhor num mundo melhor.
O grande problema está em criar as iniciativas com esse fim tentando enquadrar num panorama que não está preparado para tal.
Por exemplo, o projeto Edufeira, da Câmara Municipal da Feira, tem tudo para ser um excelente projeto mas... Até agora o que se viu foi a distribuição de panfletos a divulgar o projeto, a criação de um site e... Mais nada.
Este projeto inclui alunos desde o pré-escolar até ao 3º ciclo. Refere que tem como grande objetivo a aquisição de competências para o sucesso escolar.
Mas em que medida?
Sucesso escolar por parte de quem? Dos alunos?
Por acaso pensaram nos professores e educadores? Ou nos pais e encarregados de educação?
Ou terão eles que fazer nova ginástica para encaixar mais esta iniciativa no seu programa já de si extenso?
Espero que me entendam bem, pois estou totalmente a favor deste e de outros projetos, das temáticas e dos desafios, da forma como está projetado no site e das 6 ações pensadas.
Como vejo neste projeto uma mais-valia para a comunidade educativa, entristece-me ver que está a "passar ao lado" como tantos outros...
Com os pais que temos hoje, não todos, é certo, mas a maioria, é possível fazer algo mais com cada projeto.
Estamos todos saturados de mais reuniões desprovidas de conteúdo, apenas tendo como ordem de trabalhos o mesmo de sempre e que normalmente é alterado ao longo do ano letivo.
Projetos são bem-vindos. Bons projetos ainda mais. Projetos que envolvam realmente todos aqueles que querem participar são o topo.
A sugestão que deixo é envolver não só pela distribuição de panfletos explicativos mas com chamadas à ação. Só assim há verdadeiras mudanças...
Papéis recebemos muitos...
Projetos também...
Chamadas à ação explícita nem por isso.

Bons projetos!

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Saúde mental, ainda tabu porquê?


Hoje, 10 de outubro, assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental.
Ao ver a notícia de hoje na RTP 1, fiquei a pensar se não estaremos todos a precisar de terapia para melhorar a nossa saúde mental...
Gostava mesmo de saber porque ainda teimamos em resolver os problemas sérios apenas quando estamos a bater no fundo, quando estamos do fim da linha e ainda nos dizem "Manias... Está com depressão."
Isto tudo da saúde mental não é assim tão simples quando se trata de uma doença, e podem ser imensas diferentes.
Podem ser também muitas as causas para chegarmos a certos pontos menos agradáveis da nossa vida.
Mas uma coisa é certa, se começarmos cedo a saber lidar com emoções, tal como começamos cedo a saber lidar com letras e números, o caminho é menos doloroso.
Em Portugal existe UM Programa de Saúde Mental e Emocional em meio escolar, que a Associação Escutar trouxe para Portugal há mais de 3 anos.
Pergunto-me porque é que ainda não estamos a falar sobre isso a todos os ventos?
Este programa existe em mais de 30 países do mundo, está recomendando pela Organização Mundial de Saúde e, em Portugal, conseguimos que esteja a ser aplicado já a vários Agrupamentos de Escolas e JI privado.
Os velhos do restelo dirão que no tempo deles não havia nada disto e estão hoje firmes.
Pois eu, tal como outros, sabemos que hoje temos já adolescentes que nada têm de parecido com os adolescentes de há 40 anos. Teremos que abordar isto quantas vezes?
Se a realidade do dia a dia é diferente, a forma de lidar com tudo também o deverá ser.
Pois então, o Amigos do Ziki dá formação específica a Educadoras de Infância, Professores de Ensino Especial e Famílias nesta área, com um programa pré-definido para crianças no último ano do pré-escolar ou crianças com idade mental de 5/6 anos.
Querem saber mais?
Deixo o convite para visitar o site ou página facebook e pedir informações sobre o que já se fez e sobre como aderir.

Boas saúdes!

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Parar, antes de andar


Sim, tal como ensinamos aos mais novos, para atravessar a estrada é preciso primeiro parar. Depois olhar para os dois lados. Depois, se não vier nenhum veículo, aí sim, avançar com calma mas com confiança de que vai atravessar em segurança até onde escolheu ir: para o outro lado da estrada.
Este ensinamento é para tudo na vida.
No Niassa, em 2011, parei.
Olhei para todos os lados da minha vida, deliniei um plano e avancei. Continuo a avançar, com a confiança de que estou segura pois a escolha foi pensada.
Mas a vida não é uma simples estrada que atravessamos...
Há tantos obstáculos que não conhecemos nem imaginamos que existem...
Quando os encontramos podemos saltar por cima deles, derrubá-los, empurrá-los, destruí-los.
Mas será essa a solução a longo prazo?
Eu opto parar.
Paro e analiso bem o obstáculo. Escolho as soluções ideiais para seguir o meu caminho e estar preparada para outro obstáculo semelhante.
O que ganho em parar tantas vezes?
Poupo a minha energia...
Não me desgasto cada vez que algo mau me acontece.
Apenas vivo e saboreio.
Disse-me um miúdo o outro dia que eu pareço mais velha porque já tenho cabelos brancos à vista.
Nada sei sobre cabelos e porque ficam brancos.
Apenas não os pinto. Não irei escondê-los porque gosto deles.
Será que estou velha? É do stress que me desgasta?
Já conheci o meu pai com cabelos brancos.
Adoro-os por isso.
Lá está, saboreio a vida.
Paro, escuto e olho, todos e tudo o que me rodeia.
Deixo o melhor de mim onde passo mas também tento colher o melhor que conseguir desta vida, e isso não é material. É preciso parar.

Boas paragens!

Veja o álbum No Niassa de férias.
Se pretende adquirir o livro envie email para abrantes-sonia@gmail.com.

domingo, 15 de setembro de 2019

Escuteiro, em qualquer lugar ou época


Desde que nasci, via a minha irmã ir para os escuteiros.
Desde que me lembro, que recordo querer andar sempre entre os lenços coloridos mas só aceitei entrar para os escuteiros aos 8 anos, que foi a mesma idade que a minha irmã entrou.

Se a ela corre bem, vou fazer igual!

Vantagens ou desvantagens de ser irmã mais nova...

Até há poucos anos, continuei neste estilo de vida, até ter que fazer opções profissionais, pessoais e familiares que me impediam de continuar a fazer do meu tempo algo precioso para mim: o escutismo.
Trabalhei em várias cidades do país e, em todas elas conheci o respetivo agrupamento de escuteiros, participando em atividades e conhecendo os seus elementos, entrando até em dois deles, pois a força de atração é mais que muita.
Quando fui trabalhar para fora do país a primeira vez, no Kosovo, não encontrei escuteiros. Embora o Cristianismo seja a religião mais antiga deste país, a presença dos muçulmanos é bastante forte e geradora de conflitos idealistas.
Quando fui para fora a segunda vez, como professora de 1º ciclo em Lichinga, no norte interior de Moçambique, encontrei escuteiros: o Agrupamento 1100. Com o mesmo fardamento que nós, em Portugal, a mesma metodologia e método.
Alegres por conhecer alguém escuteiro que não é dali, rapidamente explicaram que também fazem atividades mas sempre por perto, a pé e com o material que têm disponível. Têm uma sede, mas a assiduidade dos escuteiros não é muita devido à saúde e à dificuldade nas deslocações. A sede, por isso, está apenas com as paredes e teto, mais nada. Tal como as escolas oficiais de Moçambique.
Mas o brilho nos olhos pelo orgulho de vestir esta farda é o mesmo.
O desejo de partilhar atividades e experiências é também o mesmo.
Aproveito este início de Ano Escuta para deixar o desafio de um intercâmbio.
A quem lá for, eles existem, apesar de escondidos, e estão ansiosos por novas experiências e descobertas para um crescimento pessoal mais enriquecido, tal como todos os escuteiros.

Mais fotografias podem ser vistas AQUI.

Bom escutismo!

domingo, 8 de setembro de 2019

És infantil!


Chamar "infantil" a uma criança seria uma expressão boa caso tivesse a entoação indicada.
Por vezes não tem, e é essa entoação que as crianças sentem, não tanto as palavras em si.
Chamar o mesmo a um adolescente ou jovem adulto, já pode ferir o orgulho próprio pois estão numa fase de construção de identidade que tanto trabalho dá e tantas dúvidas e erros a acompanha.
Quando dizemos a um adulto:
"Estar a ser infantil."
"Essa decisão foi infantil."
"Que comentário infantil."
E por aí fora... Já poderemos estar a ferir o Outro, mesmo pensando que estamos a ajudá-lo ao chamá-lo à razão dos seus atos.
Poderemos estar a ferir mesmo tendo quase a certeza de que chamar infantil a alguém é uma brincadeira.
Ora... Tal como em qualquer tipo e fase da comunicação, importa primeiro perceber com quem estamos a lidar. Conhecer a pessoa, saber o que ela sente nesse dia, e mais e mais...
Isto apenas se temos real interesse no bem da pessoa, no bem do relacionamento.
Se não sabemos a causa de determinados pensamentos e ações, pura e simplesmente não os devemos julgar sem antes conhecer toda a envolvência.

Mas isso dá trabalho.... Pensar no Outro?

Que infantil que é se levar a mal e tentar defender-se com uma qualquer expressão escrita ou falada que mais parece uma birra.
Terão os adultos direito a fazer birras?
Às vezes há quem mereça ouvi-las!
Às vezes há quem sairia da bolha tendo-as.
Penso que o segredo está em perceber quem somos realmente, como falamos para os outros, como nos comportamos e como os ouvimos e a nós próprios.
Se ser adulto é fingir que somos um potente buldozer e conseguimos levar tudo à frente, sem uma pinga de infantilidade, então sim, sou realmente infantil.
Melhor: assim pretendo continuar até ao dia em que seja velhinha de cabelos branquinhos, costas tortas e bengala na mão. Espero que consiga continuar a rir da vida e da m... que ela me traz. Que posso mais fazer?
Eu sei... Fazer sempre melhor, mesmo tendo errado, mesmo tendo sido chamada de "infantil".
Alguém disse algures no tempo: "As pedras do meu caminho? Apanho-as todas e com elas construo um castelo."
Então agora eu desejo "As ofensas e maldizeres? Guardo-as para não me esquecer de rir com as patetices da vida." 
O adulto é-o pois tem controlo nos seus atos, nas suas decisões, no voltar atrás e recomeçar, de fazer e errar e ter a coragem de continuar a fazer, de ponderar em tomadas de decisão que mais ninguém vê nem respeita. Mas pode rir à gargalhada, brincar do mar e no parque quando tal se proporciona, testar limites mesmo que sejam laborais.
Afinal, se não fosse assim, como se conseguiria superar a si próprio?
Optar ficar como de costume? Sim, é uma opção tão válida como outra qualquer.
Viver em stress mesmo sabendo que com bom planeamento e confiança os resultados são melhores? Sim, também é uma opção, não a minha, mas a de alguém.
Viver calmamente, respirando fundo quando o mundo está contra os nossos planos e as pessoas ainda nos espezinham? Sim, também é válido, mas não é infantilidade, é uma opção válida como outra qualquer. Respeitem-na.

Boas infantilidades!

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Escola com emoção


Quando falamos de escola falamos de ansiedade pelo início do novo ano letivo, alegria por rever os amigos e colegas de turma, nervosismo pelos novos conteúdos a aprender, felicidade por poder confiar no professor.
Isto só do lado dos alunos.
Do lado dos pais, dos professores e educadores, dos auxiliares e todos os agentes educativos envolvidos, temos uma infinidade de sentimentos e emoções que são diários, que se alteram ao longo do ano letivo, conforme o que nos acontece em casa, na escola e até na rua.
Tal como o artigo de opinião de 1 de setembro do Público entitulado de As emoções também vão à escola!..., há formas bastante eficazes de trabalharmos com essas emoções tal como trabalhamos a matemática, as ciências, as línguas e outras disciplinas.

Esquisitices do mundo atual...

Ensinar emoções não é só isto... Aliás, Ensinar o saber estar, fazer e ser faz parte dos conteúdos e princípios básicos da educação mundial há bastantes anos e todos os cursos superiores que formam os agentes educativos falam sobre isto.
Porque não o pomos em prática?
Porque não escolhemos a prática educativa que nos levará ao melhor caminho a médio e longo prazo?
É este o nosso objetivo, certo?

Não são esquisitices do mundo atual...

Quem estudou na área do ensino e pedagogia, já ouviu, certamente, a história do Tigre-dentes-de-sabre. A base das aprendizagens é o saber lidar com emoções e sentimentos. E refere-se a uma história real que é contada ano após ano desde a pré-história...
Nós estamos onde estamos hoje pois partimos do ensino entre gerações sobre como lidar com tudo isto.
A crise de valores de que tantos falam poderá, sendo esta apenas a minha opinião, estar relacionada com a falta de consciência de que ensinar emoções e lidar com elas como sendo reais faz parte do crescimento humano.
Dizer a uma criança que a morte não existe pode ser um erro..... E dos grandes....
Dizer a uma criança para bater em alguém que é mau e lhe bate, responder da mesma moeda, pode ser catastrófico... Com consequências para a vida....

Em Portugal, felizmente, o programa de promoções de competências socioemocionais Amigos do Ziki já está em várias escolas públicas e privadas do país.
Qualquer escola o pode aplicar, mas apenas aquelas que realmente cedem à importância de uma mudança o fazem e têm os requisitos necessários para o fazer.
Projetos começam e acabam, programas como o Amigos do Ziki aplicam-se desde uma formação aos agentes educativos, passando pelos aluns e pais, em casa e na escola, ao longo de todo o ano letivo sem que ninguém se sinta envolvido em mais um projeto mas sim como parte de um movimento de trabalho com emoções.
Mentes como "como tenho feito até agora consigo" limita a evolução para melhor que é evidente.

Boas emoções!

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Gentes


Uma criança descalça na árvore.
Podia ser uma ilustração de um livro infantil mas é a realidade dos dias de hoje na cidade de Lichinga.
Estará triste por estar sozinha?
Parece que apenas estava sentada, a passar o seu tempo da melhor forma pois os seus amigos logo aparecem para se juntar ao momento fotográfico.

Ali ficam sem dizer uma palavra sequer, com aqueles olhares misteriosos que encerram em si histórias só deles.
Afinal também é de outros, pois os pares de crianças continuam a aparecer.

A mostrar o seu catecismo e as suas habilidades de trepar árvores, assim se apresentam elas sem dizer palavras.
Mas chegam cada vez mais...

Se ali ficassemos teriamos feito uma bela sequência de fotografias com cada vez mais crianças no silêncio profundo, parecendo querer falar com o olhar.
Mas nós não percebemos... Apenas tiramos fotografias e sorrimos discretamente acompanhando-os como melhor sabemos.

Assim era em Lichinga. As crianças ou estavam na escola ou estavam na rua. Simplesmente estavam. Esperavam pela hora da escola com os seus uniformes.

Passavam pela minha janela do quarto apenas para gritar "Bom dia Titia Sónia!"
Brincavam com brinquedos construídos por si sobre aquilo que conhecem.


Assim era em Lichinga em 2011.
Será que ainda é?

Partilho o álbum "Gentes" com fotografias de crianças que agora têm mais 8 anos.
São agora adultos e as meninas já serão mães, com 18 anos, pois é assim a vida.

Por cá, a Titia continua a:
- Apresentar o livro onde é solicitado - sessões adaptadas ao público (infantil, adultos em vias de ir para missão, alunos em escolas, séniores e outros)
- Vender o livro para qualquer ponto do planeta (10€ + portes de envio)
- Responder a qualquer questão através do email abrantes.sonia@gmail.com

Boas leituras e viagens!

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Dias que deixam saudades


Sim, há dias que deixam saudades por serem dias em que acontecem situações únicas que sabemos que nunca mais voltaremos a viver.
Ir 5 meses para Lichinga foram muitos desses dias. TODOS esses dias.
Deixam saudades pois sou fã de coisas novas, de descobertas, do desconhecido.
Este fanatismo traz-me dissabores constantes, hoje.
Lá não... Era tudo tão fácil e simples...
Naqueles dias ninguém me chamava de louca por arriscar ou fazer.
Faz-se e pronto.
Se calhar nasci no local errado à hora errada...
Há dias assim, que deixam saudades.
Mas a realidade não deixa de existir e de ser vivida só porque temos saudades de outras alturas melhores ou diferentes.
Ainda hoje me perguntaram porque não segui uma carreira mais estável, que tive mesmo à minha frente.
Porque não é o meu EU. Realização para mim não é ter 100€ em vez de 5€. É estar consciente que a minha mente está feliz, como se vivesse alguém dentro de mim que eu preciso deixar feliz.
Serei esquizofrénica?
É mais fácil quando o nosso agregado somos apenas nós mesmos. Quando temos descendentes a coisa complica, mas mesmo assim faz-se.
Ou serei eu egoísta?
Estabilidade é sentir-me bem com o que faço, com quem faço, onde faço e como o faço, acreditando que é isso o melhor para mim, para quem me rodeia e para o mundo, a longo prazo.
Se quero salvar o mundo?
Sim, claro! Não sei bem de quê ainda mas... quem não quer super-herói?
Acredito no que Baden Powell escreveu como mensagem: "Procurai deixar o mundo um pouco melhor do que o encontraste." E eu acrescento: pois só assim há razão de existir.

Eu fui lá, ao extremo de mim e gostei: ao Lago Niassa.

Bons extremos!


sexta-feira, 21 de junho de 2019

Último dia de aulas

férias escolares

Hoje é o último dia aulas, ou de escola, para os mais novos, pré-escolar e 1º ciclo.
Chegou mais uma oportunidade para fazer piqueniques, dar passeios, brincar muito, sem estar preocupado com os horários de aulas e com os trabalhos de casa.
Esta pausa faz bem a qualquer um, principalmente às crianças que precisam de espaço mental para desenvolver a sua identidade, a sua própria maneira de pensar e o seu SER.
Se não tivessem esse tempo, seriam apenas pessoas formatadas sem qualquer espírito de iniciativa e resolução de problemas do quotidiano.

O desafio agora é para os pais:

Como ocupar todo este tempo não letivo?

O que eu sugiro são umas férias bem passadas em boa companhia.
Quer seja em família, com amigos ou um novo sítio e novos amigos.
O que interessa é perceber que o último dia de aulas simboliza para os mais novos, pré-escolar e 1º ciclo, uma quebra na sua rotina tão apreciada e querida, que os ajuda a perceber regras e objetivos a cumprir.
O erro maior das férias é pensar que esta pausa para descanso é também uma pausa de regras e objetivos...
Isso é uma escolha que traz consequências de maior para o próximo ano letivo e não traz descanso.

Mas, eles deviam poder dormir até às horas que querem nas férias.

Sim, deviam. Aproveitar para colocar o sono em dia é uma boa decisão. Mas tal não implica que possam ficar acordados até às 2h da manhã e depois compensam.
O ditado de deitar cedo e cedo erguer não perde validade por serem férias.
Há até quem aproveite as férias para se deitar mais cedo e acordar mais cedo para fazer viagens, passeios, desportos e outras atividades que noutra altura não conseguem.

Estudar nas férias? Coitadinhos, precisam descansar.

Sim, precisam descansar, mas descobrir faz parte da natureza das crianças e nas férias podem-se proporcionar momentos de aprendizagem tão bons ou melhores do que noutras alturas. Mesmo que nos horários dos programas de férias apareça "Estudar nas férias", não devemos confundir "Estudar" com tortura, pois não estaremos a passar a mensagem correta aos mais novos. Estudar aqui é gostar de saber e descobrir, aprender.

E mais havia a dizer mas fico por aqui pois o último dia de aulas é isso mesmo: parar e virar a folha para um próximo capítulo de novas descobertas.

Boas descobertas!


domingo, 16 de junho de 2019

Férias escolares, novas aventuras

férias escolares de verão

Neste verão o Espaço Crescer Centro de Estudos uniu-se ao Arada Atlético Clube para organizar e dinamizar as férias escolares de verão, de 24 de junho a 13 de setembro, sem paragens.

Esta união traz consigo novas aventuras para muitos:
- os mais novos dos 4 aos 14 anos de idade, que podem inscrever-se nas atividades que pretenderem: piscina, praia, desporto, workshops, ... - veja o horário detalhado
- maiores de 15 anos, para quem quer experimentar um verão diferente como monitor de atividades de verão - veja o anúncio AQUI
- monitores, que podem ocupar os seus horários vazios trabalhando connosco - veja o anúncio AQUI

As novas aventuras são para todos, sempre com aposta no melhor para todos.

Bom verão!




quarta-feira, 5 de junho de 2019

Machamba, o cantinho


Em 2011 tive a sorte de ver esta placa pessoalmente.
Os anos passam e não há um desses anos em que não me pergunte "O que será feito deles?".
Após quase 6 meses por terras do Niassa, o impacto que a Irmã Ferreira teve naquela zona sempre me deixou perplexa.
O seu poder e força, apesar de baixinha e quase sempre sozinha, levam-me a admirá-la como pessoa que deixou a sua pegada nesta zona do globo.
O que fez a Irmã Ferreira? Deu vida ao projeto Cantinho da Solidariedade que consistiu em dar resposta ao pedido do Bispo sobre os mendigos da zona.
A Irmã pediu a todos que aparecessem certo dia de manhã, distribuiu ferramentas para cavar e lavrar e lá seguiram todos para este terreno na periferia de Lichinga.
Desde esse dia, foram muitas as famílias, pais, mães e seu filhos às costas, que saíram das ruas e passavam agora o dia a trabalhar na terra e com os animais.
Passaram a fazer as refeições mínimas por dia com recurso àquilo que colhiam.
Como uma agricultura bem gerida, começaram até a vender para fora, a importar pintainhos, a exportar outros alimentos, a vender no mercado na sua barraca permanente.

Após 8 anos, o que será deles? Após algus anos da morte da Irmã Ferreira, o que será deste projeto?
Pode ser que um dia volte...
Até lá, ficam as memórias, algumas registadas com fotografias que partilho no álbum Machamba.
Fica também todo o relato no livro Titia amanhã não vou vir (que se pode ver à direita).

A Titia continua a:
- Apresentar o livro onde é solicitado - sessões adaptadas ao público (infantil, adultos em vias de ir para missão, alunos em escolas, séniores e outros)
- Vender o livro para qualquer ponto do planeta (10€+portes de envio)
- Responder a qualquer questão através do email abrantes.sonia@gmail.com

Bons cantinhos!

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Falar bonito, ler e escrever bem

terapia da fala

O diálogo tem como armas a língua falada e a expressividade que se coloca à mensagem.
Mesmo não sabendo ler nem escrever, conseguimos falar, argumentar, expressar emoções e opiniões e isso leva-nos mais além em todos os domínios da nossa vida.

Imaginemos agora que voltamos ao 1º ano de escolaridade, quando as letras que até então eram desenhos passam a fazer sentido juntas: aprendemos a ler e a escrever.
As palavras juntas passam a existir como essenciais para expressar ideias.
Ora, se até então falamos bem e bonito, com cuidado na pronúncia das palavras e com o vocabulário rico dando os nomes reais às coisas do quotidiano, esta transição para o mundo da escrita vai ser mais fácil, vai fazer muito mais sentido.
Não são só os adultos que precisam de gostar do que fazem, as crianças também.
Se não tiverem vocabulário, como legendar esta simples imagem, por exemplo?


Será uma "mala"? Não...
É uma mochila.
Se todos os dias as crianças, quando estão a ir para a escola ouvirem "Põe a mochila às costas." em vez de "Pega na mala." a transição para a aprendizagem da escrita é mais simples.
Aprender o som "CH" parece fácil, aprender a escrever o som "CH" já parece mais difícil. Imaginem então se optarmos não falar com esses sons difíceis, como é que os mais novos tiram boas notas na escola? 
Desengane-se quem pensa que é retirando os tablets e outros aparelhos.

As melhores classificações em testes só aparecem se existir esforço de todos nesse sentido.
Para a Família mais próxima começa logo ao nascimento e nunca mais para, até ao infinito e mais além.
Para os Educadores e Professores começa e termina no tempo de aulas. Só.
Para os Terapeutas da Fala começa quando a Família, Educadores e Professores detetam sinais de alerta e se dirigem até ao terapeuta. Estes sinais podem ser:
- Não sorrir nem reagir a sons
- Ter 2 anos e não falar
- Ter dificuldades a ler e a escrever
- Gaguejar
- Ter dificuldade em falar
- Não conseguir dizer alguns sons
- Falar pelo nariz
- Sentir a voz rouca e cansada
- Usar a voz em demasia no dia a dia
- Ter dificuldade em mastigar ou engolir alimentos
- Engasgar-se com frequência
- Ter dificuldade em comunicar com os outros

É isto que fazemos em consultas de Terapia da Fala no Espaço Crescer Centro de Estudos.
O trabalho do Terapeuta da Fala termina quando já não há sinais de alerta a trabalhar.

Não deixemos para depois trabalhar para que as classificações sejam as melhores possíveis.
O crescimento começa quando se é pequenino.

Boas falas!


quarta-feira, 8 de maio de 2019

Estudar nas férias


Nesta fase do ano, final do ano letivo, onde parece que está tudo a terminar mas ainda há tanto que fazer, no Espaço Crescer Centro de Estudos dividimos a nossa atenção em dois focos:

(1) Terminar o presente ano escolar em grande, com o máximo sucesso possível 

(2) Idealizar um verão divertido, recuperador de energias e a trabalhar de forma tranquila para a continuidade do próximo ano letivo

É isso que garantimos e é isso que desejamos para qualquer pessoa.

Parar totalmente é bom, é certo. Mas importa saber o que é parar.
Não é parar deixar de fazer atividades de escrita e cálculo e passar a jogar computador.
Se o cérebro continua a ser estimulado com tudo o que um jogo de pequeno ecrã tem para oferecer, não estamos a deixar que descanse.

Parar é ir à praia, passar manhãs ou tardes a fazer exercício físico de qualquer género, a brincar ao que apetecer, a conviver com os amigos, a dar mergulhos nas piscinas, mesmo que sejam daquelas caseirinhas.
Parar é olhar para um livro como um passatempo e não como uma obrigação.
É pegar nesse livro e lê-lo de forma divertida, pois foi esse o seu objetivo de existir.
É olhar para os números como um desafio que dá gozo resolver, pois é para isso que a matemática existe.
É descobrir tudo o que há para descobrir no mundo marinho, na nossa história e na história do mundo, pois foi para isso que se fizeram os registos e os estudos superiores, para serem conhecidos e vividos vezes e vezes sem conta.
Parar no verão é crescer sem complicações nem obrigações, sem nunca esquecer que somos seres humanos não autómatos que apenas mexemos os dedos e os olhos.

Se criarmos momentos como Estudar nas Férias, deixamos que o descanso realmente aconteça e garantimos que o crescimento enquanto pessoa continue de forma saudável.

Bons descansos!

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Olhos diferentes, visões iguais


Se hoje pedirmos para desenhar uma mãe com o seu filho, em qualquer um dos continentes, a criança vai desenhar sempre um mulher com o seu filho ao colo ou lado a lado com a mão dada.
Esta visão de que a mãe é a companheira é geral.
Mesmo não sendo isso que a criança viva na sua dura realidade, é isso que ela sabe que seria de esperar.
Porque vê à sua volta, mesmo não parecendo.
Porque sente falta, mesmo não dizendo nem fazendo qualquer birra por saudades ou desejo de ter uma mãe ao seu lado.
Quando notamos isso?
Quando estamos com a criança a fazer o que as mães fazem de melhor: companhia cheia de amor apenas por estar perto.
Se nessa altura olharmos nos olhos dos filhos, vemos uma felicidade que só aí acontece.
Não precisamos ralhar para dar os melhores ensinamentos, não precisamos falar sequer.
Só estar.
É isso que desejo para este fim de semana em que as mães recebem presentes dos mais novos e visitas dos seus filhos já adultos.
Às mães que o são, e às mães que fazem esse papel cuja diferença está apenas no ADN.

A fotografia acima foi retirada do álbum Aulas na Escolinha, de quando estive em Moçambique a dar aulas.

Bom dia da Mãe!

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Mãe, em qualquer lugar do mundo


Quando lá cheguei, a grande diferença que saltava à vista era a roupa, sem dúvida.
O cheiro também era diferente.
A língua também era, apesar de todos perceberem o que eu dizia. Eu é que não percebia a língua local, rica pelos seus idiomas originários de várias tribos, agora chamadas aldeias.
Mas nada disso me surpreendeu.
Estava à espera que tudo fosse diferente.
Quem não estaria sabendo que viajava da Europa para um país de terceiro mundo?

O que me surpreendeu foram as semelhanças.
Tantas, tantas, tantas...
Desde as más condições no ensino, cada uma à sua escala, como é lógico.
Passando pela quotidiano político e quem lhe dá vida. Em Lichinga só mudava mesmo a cor da pele...
E ser mãe.

A mãe é, sem dúvida, aquela pessoa que está e existe para os filhos, por mais ou menos carreira que tenha.
Se é mãe, tem que cuidar deles, chora por eles, liga-se a eles com tudo o que tem, mesmo que não tenha mais do que uma capulana.
Se forem mais do que um ou dois, é a todos eles que se liga, multiplicando-se em quantas pessoas for preciso para dar resposta à necessidade de crescimento dos seus filhos, essa necessidade que não olha a lugar, nível económico ou literacia. Acontece e pronto.

Este ano, talvez por Moçambique ter sido notícia em todos os canais e jornais, recordo as mães de Lichinga que, felizmente, não foi afetada pela desgraça pois está a um canto do país imenso que é Moçambique, longe da costa, longe das câmaras, longe de tudo.

Mas lá também existem famílias, na maioria sem pai pois esses têm outro papel bem vincado naquela cultura que não é o de contribuir para a educação dos filhos, deixando que a mãe faça o papel de todos na mais pura lei da sobrevivência.

Por todas estas e outras aprendizagens, assante.

Estamos juntos!


segunda-feira, 22 de abril de 2019

Falar para as paredes



Em plena cidade de Coimbra, encontramos paredes escritas com frases inspiradoras que os estudantes académicos vão deixando. Como é o exemplo desta fotografia.
Segundo eles, as paredes guardam história(s).
Interessante alguém escrever isto numa parede, neste caso muro, no meio da cidade.
O que terá acontecido aqui?
Estaria esta pessoa apenas a divagar, ou neste mesmo muro algo se passou que ficou para a história de quem escreveu?
Como o "s" está entre parênteses, talvez a intenção fosse o facto de a História, como disciplina, se desenrolar, nascendo e morrendo pessoas que vivem a sua própria vida ao lado destas e outras paredes que se mantêm ao longo dos anos.
Podemos também pensar que, quem quer que aqui passe, ou em outro lugar qualquer, tenha sempre histórias para contar, suas ou de outros, inventadas ou reais.
Quem escreveu o que está nesta fotografia, tem plena consciência que falar para as paredes não é assim tão descabido quanto isso, embora a sensação nunca seja boa.
Falar é sempre bom, sozinho ou acompanhado. Somos loucos? Não.
Faz-nos bem ouvir a nossa própria voz de modo a termos perceção se estamos realmente a passar a mensagem que pretendemos.
Para isso, precisamos mesmo ouvir o que estamos a dizer, não simplesmente dizer.
Ao fazer isto, aprendemos também a começar a ouvir realmente os outros, não apenas anuir com a cabeça quando alguém fala para nós, prontos a ripostar.
Com toda a rapidez com que vivemos, a informação passa rapidamente a desinformação e nem damos conta.
Estamos a baralhar o real com o que é virtual e percebido superficialmente.
A vida é mais que isso.
A vida é olhar olhos nos olhos e conversar sem se abrir a boca, quase.
É ter a perceção do outro sem ser preciso vasculhar o seu perfil nas redes sociais.
Até as paredes assim o fazem.
Estão.
Simplesmente estão ali quietas para o que der e vier.
Não somos paredes, claro, nem elas têm qualquer ação na realidade.
Mas fica a dica pois, tal como o autor desta frase, devemos tentar deixar de falar para as paredes apenas, e deixar bem claro com letras gigantescas que estamos aqui, temos opinião e também ouvimos.

Boas conversas!

terça-feira, 2 de abril de 2019

Férias escolares, e agora?


Este mês de abril é atípico. Há aulas na primeira e na última semana do mês, há férias escolares 11 dias seguidos, e ainda há lugar a um feriado.

O descanso é bom, pelo menos para os mais novos.
Mas, e os pais que trabalham, sem possibilidade de gozar férias todos estes dias, nesta altura do ano?

Há a possibilidade de os mais novos ficarem com os avós, caso estejam disponíveis.
Se assim for, é ótimo para eles, tanto avós como netos.
O tempo passado em família é sempre um bom tempo, desde que estejam todos confortáveis com isso e não tenham medo de aumentar a afinidade, a intimidade e os laços familiares.
Os avós ficam mais ativos, sem tempo para pensar em coisas menos boas como problemas de saúde, por exemplo. A sua mente parece rejuvenescer, o que melhora a sua qualidade de vida. Ao mesmo tempo, atualizam-se face às novas atividades, às novas tecnologias e todo um mundo em constante renovação.
Os netos acalmam, pois têm que fazer as rotinas dos avós, devem baixar a voz e aprender a respeitar, aprender valores que com o corre-corre da semana é praticamente impossível de transmitir com calma.

Mas quando não há essa possibilidade, os pais têm sempre a alternativa de escolher um ATL com quem deixar os seus filhos durante todo o dia.
Essa é a tarefa mais difícil: escolher um ATL. Pelo menos para aqueles que se importam com o dia a dia dos mais novos.
Enchê-los de atividades enérgicas?
Enchê-los de trabalhos escolares?
Deixá-los à deriva com aparelhos eletrónicos?

Pode ser isto tudo e mais ainda mas de forma equilibrada e consciente.

O Espaço Crescer Centro de Estudos pensa como os avós: com calma mas de forma divertida, gerando bem-estar e melhor qualidade de vida para todos.

Há lugar para tudo: diversão, energia, jogos eletrónicos e outros, tempo livre de exploração do seu EU, trabalhos escolares, visitas culturais, ...

Cada dia de férias é pensado de forma única, mas enquadrado em todos os dias de modo a dar o equilibrio, a rotina e a calma que todos precisamos.

Como sabemos que o ATL a escolher deve ser de confiança e não apenas estar na moda, optamos por continuar a ser quem sempre fomos: geradores de sorrisos confiantes desde 2012.

Optamos também pela transperência disponibilizando horários e preços detalhados no nosso site: https://espacocrescer2012.wordpress.com/2019/03/14/ferias-da-pascoa-2019/.

E continuamos a trabalhar para as atividades anuais: https://mailchi.mp/86c857c2e59d/abril-saiba-o-que-traz-de-novo.

Para quem não é a região de Ovar e Santa Maria da Feira, com toda a certeza encontram na zona geográfica de referência opções de boa qualidade pois, cada vez mais, os profissionais optam pela boa qualidade e não apenas por ser mais um.

Boas escolhas de tempos livres!

terça-feira, 26 de março de 2019

Inglês, uma porta para o mundo


Nunca foi tão importante aprender inglês, mas também nunca foi tão fácil.
Inúmeros são os locais, presenciais ou a distância, onde qualquer pessoa pode começar do zero na língua inglesa.

É dos idiomas mais falados no mundo, e é vista como uma ferramenta, tanto para estudantes que pretendem completar os estudos no estrangeiro, como para empresas e seus trabalhadores, que pretendam apostar em negociação com outros países.

Uma das formas rápidas de aprender inglês é com o apoio individualizado, contextualizado e rápido de um explicador de inglês.

Pode optar pelo acompanhamento online ou presencial.
Empresas como a Grow Talent, que pensa e organiza conteúdos de acordo com os objetivos das empresas e profissionais, dão resposta presencial em Ovar e Santa Maria da Feira exatamente ao que precisa.
Centro de Estudos, como o Espaço Crescer, dão resposta presencial em Ovar e Santa Maria da Feira à preparação de exames de qualquer nível.
No site da Fixando consegue explicadores de inglês em qualquer local do país.

Nunca se é nem muito novo nem muito velho para começar, interessa é dar o passo e o resto acontece.

Boas aprendizagens!

quinta-feira, 21 de março de 2019

Bairros de Moçambique


Num dia em que nada há para comemorar em Moçambique, partilho o que de bom e único o norte de Moçambique tem, por terras do interior, Niassa.
Na sequência das notícias de hoje, já se considera que o ciclone Idai que atingiu Moçambique foi o pior do Hemisfério Sul (notícia de última hora da RTP).
No álbum de fotografias que partilho na página do livro Titia amanhã não vou vir, apresento alguns dos bairros da zona onde estive de janeiro a maio de 2011.
Neste álbum encontra algumas fotografias tiradas por mim e pela minha colega ao longo dos 5 meses em que fomos para Lichinga como professoras voluntárias para a escola D. Luís Gonzaga da Associação Seiva, Cantinho da Alegria. Estas fotografias são fruto dos nossos passeios na tentativa de melhor conhecer as gentes e lugares do Niassa.

A Titia continua a:
- Apresentar o livro onde é solicitado - sessões adaptadas ao público (infantil, adultos em vias de ir para missão, alunos em escolas secundárias ou universitárias, seniores e outros)
- Vender o livro para qualquer ponto do mundo (10€+portes de envio)
- Responder a qualquer questão através do email abrantes.sonia@gmail.com

Vale a pena conhecer tudo de perto, ajudar na primeira pessoa e face a face. Para quem tem essa oportunidade hoje, de apanhar um avião e seguir viagem pelo voluntariado, deixo o apelo e desafio.

Nesta altura, toda a ajuda será bem-vinda para a zona do globo que perdeu já mais de 15 mil vidas humanas e suas áreas de residência e trabalho.

Estamos juntos!

Bons voluntariados!

segunda-feira, 18 de março de 2019

Ocupação de Tempos Livres

ocupação de tempos livres

Diz-me e eu esquecerei
Ensina-me e eu lembrar-me-ei
Envolve-me e eu aprenderei

Provérbio Chinês

A família, na primeira infância, tem o papel fundamental para a educação e formação do ser da criança que nasce.
A escola, desde o jardim de infância até ao nível escolar que se pretende adquirir, tem o papel fundamental de incutir as regras e conteúdos aceites na sociedade em que se está envolvido, aprendizagens padrão e currículos em vigor, que se esperam ver aprendidos por todas as crianças e adolescentes.
Há quem compare esta educação escolar como uma formatação.
Poderemos ver esta formatação como algo positivo se utilizado como uma excelente ferramenta para todo o desenvolvimento como pessoa e ser que terá uma profissão e será um cidadão ativo.

O problema está nos intervalos, nos tempos em que a criança já não tem tempo escolar nem pode ainda estar com a família pois esta está a trabalhar.
Este tempo, que antigamente se passava no exterior ou em casa com amigos e avós, está cada vez mais desperdiçado.

Mas temos que estar sempre a pensar em aproveitar o tempo?

Não, mas também não podemos deixar que os aparelhos tomem conta de horas a fio de trabalho mental dos mais jovens.
Ver filmes, jogar jogos ou pura e simplesmente navegar na Internet é bom mas até um certo ponto.
Todos os dias, mais do que duas horas por dia... É exagerado...
Conseguimos fazer treino físico com essa frequência? Não.
Conseguimos estar em grupo sempre a conversar com esta frequência? Não.
Conseguimos ler livros com essa frequência? Não.
Conseguimos brincar a uma única brincadeira com essa frequência? Não.

Então, o ideal seria um equilibrio.
Uma aposta no tempo livre para aprender o equilibrio de que cada um de nós precisa.
Aprender a trabalhar/estudar autonomamente como rotina.
Aprender a estar em grupo com conversa "da palha" apenas para isso.
Aprender a escolher o desporto que se gosta e elegê-lo como o preferido mas ter a flexibilidade de experimentar outros e fazê-lo sem constrangimentos.
Aprender a escolher os temas que gosta de ler, escrever, ouvir ou dramatizar.
Aprender a resolver problemas do dia a dia que acontecem a todos sem exceção.
Até o aparelho pode ficar sem bateria e não termos o carregador por perto. E agora?

Todas estas competências, que não vou categorizar neste artigo, são adquiridas se tivermos o tempo livre ocupado com atividades de tempo livre.
Parece contraditório?
Não é.
Saltar no trampolim só se faz na infância... No tempo livre.
Brincar com a plasticina só se faz na infância... No tempo livre.
Aprender a atar os atacadores só se faz no tempo livre... Na infância.
Aprender a mexer no rato do computador e trabalhar com o teclado faz-se melhor se for por descoberta, no tempo livre...
Escolher o locais na Internet onde existem bons jogos e não apenas os que nos bombardeiam com publicidade faz-se no tempo livre e acompanhado...
Cantar, dançar, ouvir música com amigos faz-se no tempo livre.

A lista de atividades de ocupação de tempos livres é infindável. Vai até onde a imaginação do adulto que é o responsável deixa ir. Vai até onde a imaginação das crianças deixa ir.

No Espaço Crescer Centro de Estudos apostamos nos tempos livres e temos tido, ao longo destes 6 anos e meio, melhores resultados escolares quando otimizamos os tempos livres como tal.

Bons tempos!


sexta-feira, 15 de março de 2019

Grow Talent

Após seis anos de boas práticas, com altos e baixos como qualquer negócio ou projeto tem, em outubro de 2018 o Espaço Crescer passou a ser Grupo fazendo parte dele o Espaço Crescer Centro de Estudos e a Grow Talent Formação.

É sobre este último que escrevo neste artigo.

Dedicado ao público adulto, em resposta às várias demonstrações de confiança nos nossos serviços, criamos então oportunidade de cada um de nós, individualmente ou como empresa, de:

(1) dispor de auxílio em trabalhos especializados:
- Trabalhos académicos - auxílio em trabalhos de investigação e análise de conteúdo, auxílio em teses e outros documentos e apresentações;
- Apresentações e projetos - auxílio em apresentações para empresas e projetos em várias áreas de especialização;
- Traduções - revisão e pós-edição, de documentos escritos, audio ou vídeo, sites e catálogos e todos os outros suportes;

(2) fazer Formação:
- para empresas - certificada ou não certificada, financiada ou não financiada, pensada em  contexto, organização de conteúdos de formação, avaliação de necessidades de formação;
- para particulares - certificada ou não certificada, financiada ou não financiada, para empregados e desempregados, especialização em Parentalidade Consciente;
- para profissionais de educação - certificada ou não certificada, financiada ou não financiada, para empregados e desempregados, especialização em vários temas dentro desta área profissional;
- certificação em línguas - em parceria com a Lancaster King's School, dinamizamos cursos em 9 idiomas;
- admissão a cursos - auxiliamos a preparação para o concurso de acesso aos cursos da PSP, GNR, PJ, Academia Militar, SEF e outros cursos específicos;
- team building - para empresas, associações ou qualquer outro grupo organizado, dinamizamos sessões outdoor e indoor com base nos objetivos a trabalhar, avaliamos as necessidades e desenhamos a atividade conforme o contexto;
- orientação vocacional e profissional - para empregados ou desempregados, a partir do secundário, traçando percursos individuais para uma melhor escolha profissional;
- coaching e consultoria - dinamizamos sessões individuais e de grupo de modo a otimizar o que nos é pedido, em todos os domínios de desempenho pessoal e profissional;
- formação já estruturada - temos os temas divididos em nove categorias: informática e tecnologias, educação e formação, idiomas, legislação, saúde, desenvolvimento e imagem pessoal, artes e animação, gestão e estratégia.

(3) Espaço para eventos:
- espaço físico - dispomos de 3 salas pequenas e 1 com capacidade para 25 pessoas, ideais para reuniões individuais ou pequeno grupo, e para workshops e formação;
- espaço virtual - organizamos e divulgamos o seu evento fazendo a receção e organização das inscrições.

Esta nova etapa acontece porque acreditamos que eu cada um de nós há talentos que nos fazem crescer e o potencial de uma ideia está no talento que dedicamos a ela.

Para esta fase colaboram vários profissionais com experiência e especialização em cada área de ação.

O contacto novo é apenas o email (info@growtalent.pt) e a pessoa que responderá será a mesma, Sónia Abrantes, mantendo também o número (968839140).

Bons talentos!

terça-feira, 12 de março de 2019

Titia no Face e no Youtube


Sim, é deste sorriso que me lembro.
Deste sorriso e de muitos mais sorrisos e olhares felizes e completos na sua simplicidade.

Para não deixar morrer esta experiência, que teima em ficar cada vez mais distante com o passar dos anos, criei uma página no Facebook para partilhar alguns testemunhos daqueles tempos.
Criei também uma lista de reprodução no canal Youtube do Espaço Crescer onde coloco algumas atividades onde trabalhamos os temas do livro e as fotografias: https://www.youtube.com/playlist?list=PLMtv9OzSVe69ttmqGPrj_JCKJX-I7KvFa

Todos estão convidados a participar tanto no facebook como no youtube, quer com questões sobre o voluntariado e esta experiência em particular, quer com partilha de testemunhos da sua própria experiência por aquelas terras ou por outras terras que tiveram o privilégio de o receber.

Titia nasce de quase seis meses em missão humanitária como professora em Lichinga, no norte de Moçambique.
Permanece em livro de título "Titia amanhã não vou vir".

A Titia continua a:
  • Apresentar o livro onde é solicitado - sessões adaptadas ao público (infantil, adultos em vias de ir em missão, alunos em escolas, séniores e outros)
  • Responder a qualquer questão através do email abrantes.sonia@gmail.com
  • Vender o livro para qualquer ponto do planeta (10€ + portes)


Porque acredito que uma causa não termina com o tempo, mantém-se e deixa pegadas onde quer que vá.

Boas missões!