domingo, 15 de setembro de 2019

Escuteiro, em qualquer lugar ou época


Desde que nasci, via a minha irmã ir para os escuteiros.
Desde que me lembro, que recordo querer andar sempre entre os lenços coloridos mas só aceitei entrar para os escuteiros aos 8 anos, que foi a mesma idade que a minha irmã entrou.

Se a ela corre bem, vou fazer igual!

Vantagens ou desvantagens de ser irmã mais nova...

Até há poucos anos, continuei neste estilo de vida, até ter que fazer opções profissionais, pessoais e familiares que me impediam de continuar a fazer do meu tempo algo precioso para mim: o escutismo.
Trabalhei em várias cidades do país e, em todas elas conheci o respetivo agrupamento de escuteiros, participando em atividades e conhecendo os seus elementos, entrando até em dois deles, pois a força de atração é mais que muita.
Quando fui trabalhar para fora do país a primeira vez, no Kosovo, não encontrei escuteiros. Embora o Cristianismo seja a religião mais antiga deste país, a presença dos muçulmanos é bastante forte e geradora de conflitos idealistas.
Quando fui para fora a segunda vez, como professora de 1º ciclo em Lichinga, no norte interior de Moçambique, encontrei escuteiros: o Agrupamento 1100. Com o mesmo fardamento que nós, em Portugal, a mesma metodologia e método.
Alegres por conhecer alguém escuteiro que não é dali, rapidamente explicaram que também fazem atividades mas sempre por perto, a pé e com o material que têm disponível. Têm uma sede, mas a assiduidade dos escuteiros não é muita devido à saúde e à dificuldade nas deslocações. A sede, por isso, está apenas com as paredes e teto, mais nada. Tal como as escolas oficiais de Moçambique.
Mas o brilho nos olhos pelo orgulho de vestir esta farda é o mesmo.
O desejo de partilhar atividades e experiências é também o mesmo.
Aproveito este início de Ano Escuta para deixar o desafio de um intercâmbio.
A quem lá for, eles existem, apesar de escondidos, e estão ansiosos por novas experiências e descobertas para um crescimento pessoal mais enriquecido, tal como todos os escuteiros.

Mais fotografias podem ser vistas AQUI.

Bom escutismo!

domingo, 8 de setembro de 2019

És infantil!


Chamar "infantil" a uma criança seria uma expressão boa caso tivesse a entoação indicada.
Por vezes não tem, e é essa entoação que as crianças sentem, não tanto as palavras em si.
Chamar o mesmo a um adolescente ou jovem adulto, já pode ferir o orgulho próprio pois estão numa fase de construção de identidade que tanto trabalho dá e tantas dúvidas e erros a acompanha.
Quando dizemos a um adulto:
"Estar a ser infantil."
"Essa decisão foi infantil."
"Que comentário infantil."
E por aí fora... Já poderemos estar a ferir o Outro, mesmo pensando que estamos a ajudá-lo ao chamá-lo à razão dos seus atos.
Poderemos estar a ferir mesmo tendo quase a certeza de que chamar infantil a alguém é uma brincadeira.
Ora... Tal como em qualquer tipo e fase da comunicação, importa primeiro perceber com quem estamos a lidar. Conhecer a pessoa, saber o que ela sente nesse dia, e mais e mais...
Isto apenas se temos real interesse no bem da pessoa, no bem do relacionamento.
Se não sabemos a causa de determinados pensamentos e ações, pura e simplesmente não os devemos julgar sem antes conhecer toda a envolvência.

Mas isso dá trabalho.... Pensar no Outro?

Que infantil que é se levar a mal e tentar defender-se com uma qualquer expressão escrita ou falada que mais parece uma birra.
Terão os adultos direito a fazer birras?
Às vezes há quem mereça ouvi-las!
Às vezes há quem sairia da bolha tendo-as.
Penso que o segredo está em perceber quem somos realmente, como falamos para os outros, como nos comportamos e como os ouvimos e a nós próprios.
Se ser adulto é fingir que somos um potente buldozer e conseguimos levar tudo à frente, sem uma pinga de infantilidade, então sim, sou realmente infantil.
Melhor: assim pretendo continuar até ao dia em que seja velhinha de cabelos branquinhos, costas tortas e bengala na mão. Espero que consiga continuar a rir da vida e da m... que ela me traz. Que posso mais fazer?
Eu sei... Fazer sempre melhor, mesmo tendo errado, mesmo tendo sido chamada de "infantil".
Alguém disse algures no tempo: "As pedras do meu caminho? Apanho-as todas e com elas construo um castelo."
Então agora eu desejo "As ofensas e maldizeres? Guardo-as para não me esquecer de rir com as patetices da vida." 
O adulto é-o pois tem controlo nos seus atos, nas suas decisões, no voltar atrás e recomeçar, de fazer e errar e ter a coragem de continuar a fazer, de ponderar em tomadas de decisão que mais ninguém vê nem respeita. Mas pode rir à gargalhada, brincar do mar e no parque quando tal se proporciona, testar limites mesmo que sejam laborais.
Afinal, se não fosse assim, como se conseguiria superar a si próprio?
Optar ficar como de costume? Sim, é uma opção tão válida como outra qualquer.
Viver em stress mesmo sabendo que com bom planeamento e confiança os resultados são melhores? Sim, também é uma opção, não a minha, mas a de alguém.
Viver calmamente, respirando fundo quando o mundo está contra os nossos planos e as pessoas ainda nos espezinham? Sim, também é válido, mas não é infantilidade, é uma opção válida como outra qualquer. Respeitem-na.

Boas infantilidades!

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Escola com emoção


Quando falamos de escola falamos de ansiedade pelo início do novo ano letivo, alegria por rever os amigos e colegas de turma, nervosismo pelos novos conteúdos a aprender, felicidade por poder confiar no professor.
Isto só do lado dos alunos.
Do lado dos pais, dos professores e educadores, dos auxiliares e todos os agentes educativos envolvidos, temos uma infinidade de sentimentos e emoções que são diários, que se alteram ao longo do ano letivo, conforme o que nos acontece em casa, na escola e até na rua.
Tal como o artigo de opinião de 1 de setembro do Público entitulado de As emoções também vão à escola!..., há formas bastante eficazes de trabalharmos com essas emoções tal como trabalhamos a matemática, as ciências, as línguas e outras disciplinas.

Esquisitices do mundo atual...

Ensinar emoções não é só isto... Aliás, Ensinar o saber estar, fazer e ser faz parte dos conteúdos e princípios básicos da educação mundial há bastantes anos e todos os cursos superiores que formam os agentes educativos falam sobre isto.
Porque não o pomos em prática?
Porque não escolhemos a prática educativa que nos levará ao melhor caminho a médio e longo prazo?
É este o nosso objetivo, certo?

Não são esquisitices do mundo atual...

Quem estudou na área do ensino e pedagogia, já ouviu, certamente, a história do Tigre-dentes-de-sabre. A base das aprendizagens é o saber lidar com emoções e sentimentos. E refere-se a uma história real que é contada ano após ano desde a pré-história...
Nós estamos onde estamos hoje pois partimos do ensino entre gerações sobre como lidar com tudo isto.
A crise de valores de que tantos falam poderá, sendo esta apenas a minha opinião, estar relacionada com a falta de consciência de que ensinar emoções e lidar com elas como sendo reais faz parte do crescimento humano.
Dizer a uma criança que a morte não existe pode ser um erro..... E dos grandes....
Dizer a uma criança para bater em alguém que é mau e lhe bate, responder da mesma moeda, pode ser catastrófico... Com consequências para a vida....

Em Portugal, felizmente, o programa de promoções de competências socioemocionais Amigos do Ziki já está em várias escolas públicas e privadas do país.
Qualquer escola o pode aplicar, mas apenas aquelas que realmente cedem à importância de uma mudança o fazem e têm os requisitos necessários para o fazer.
Projetos começam e acabam, programas como o Amigos do Ziki aplicam-se desde uma formação aos agentes educativos, passando pelos aluns e pais, em casa e na escola, ao longo de todo o ano letivo sem que ninguém se sinta envolvido em mais um projeto mas sim como parte de um movimento de trabalho com emoções.
Mentes como "como tenho feito até agora consigo" limita a evolução para melhor que é evidente.

Boas emoções!