domingo, 26 de janeiro de 2020

Autoconfiança ou egocentrismo


Autoconfiança, uma característica cada vez mais vista como uma excelente qualidade para se estar bem e viver da melhor forma.
O problema é quando essa autoconfiança é confundida com egocentrismo.
São dois conceitos, duas formas de estar bem diferentes mas muito próximas e fáceis de confundir.
Mesmo tendo nós a certeza do que cada uma quer dizer.
Porquê?
Vamos falar de cada uma e depois misturá-las.
Autoconfiança é entendida como confiança em si próprio, no que sabe fazer, no que é capaz de fazer, perante as situações em que se coloca ou que lhe são propostas. É ter pensamento positivo sobre aquilo que é capaz de fazer.
Típico "Eu consigo!"
Egocentrismo é um tipo de comportamento em que a pessoa se volta para si própria e apenas para seu próprio benefício como primeiro pensamento. Não é que não queira saber dos outros, é apenas indiferente a eles quando precisa de escolher o melhor para si.
Então, como se cruzam?
Quando as nossas decisões passam por agarrar as rédeas de uma situação em que envolve mais do que uma pessoa e, tendo confiança na sua própria capacidade de decisão, decide e leva tudo à frente pois é capaz disso. Ora, chegamos então ao egocentrismo...
No final, quando todos tiveram que se sujeitar e tentar ficar felizes por isso, o egocentrista está convencido de que fez o melhor, pois tem essa autoconfiança, nem tendo noção que a decisão foi mais voltada para si e para a sua perspetiva do que para a perspetiva dos outros ou em conjunto com todos.
Ser autoconfiante pode ser um exercício difícil pois não nos podemos esquecer que estamos sempre ligados a alguém, os nossos atos têm sempre consequências para outros. Temos, assim, medo de ferir ou fazer mal a alguém ou a nós próprios.
Ser egocentrista é bastante mais fácil pois, na tentativa de pensar em mim mesmo como uma pessoa autoconfiante, há tendência para ignorar o que está à volta e centrar-me em mim mesmo apenas.
Mas ser egocentrista também pode ser difícil de alcançar. Quando a autoconfiança está em baixo, não há lugar a egocentrismo...

Um equilíbrio seria o ideal... Ou ter estas competências guardadas em algum compartimento do cérebro para utilizar quando preciso.

Boas autoconfianças!

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Copo vazio ou copo cheio de nada?

Ilustrado por Natacha

Há dias que parece que não temos nada: certezas, estabilidade, oportunidades, pessoas queridas, alguém que nos dê o devido valor, alguém que se importe por nós.

Outros dias há que temos a sensação que temos tudo e o mundo é nosso: todos querem saber como estamos, muitos telefonemas a pedir-nos ajuda, muitos e mails com trabalho, várias oportunidades a bater à porta.

Quando há a mudança de turno, dos dias em que parece que não temos nada para os dias em que tudo é nosso, nem sinto a transição. Apenas sinto a aceleração, a ansiedade a crescer, a energia à flor da pele.

Quando há mudança de turno novamente, dos dias em que tudo é nosso para os dias em que parece que não temos nada, sinto, muito lentamente, a vida a fugir pelas mãos, tudo o que parecia ter conquistado a fugir pelo ar como vapor a subir sabe-se lá para onde. 

Nestes dias de mudança do turno apressado para o turno lento, repenso se quero ter a sensação de copo cheio do que a seguir parece nada. 
Ou seja, poderá existir uma fórmula resolvente (como eu adoro a matemática...) para estarmos sempre bem e apenas isso?
Quando me refiro a estar bem não é estagnado, de todo!
Pelo contrário!
É ter espaço de tempo e energia suficiente para fazer o que é necessário e continuar a fazê-lo sempre, com menos pressa e urgência, com mais equilíbrio de esforço contínuo.

De que adianta estar a 1000 se depois entramos em depressão quando há fases de acalmia extrema?

Venham as depressões e outras doenças mentais afins...

O velho provérbio popular "Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar." parece-me apropriado para exemplificar este pensamento.
Mais vale ter o copo quase vazio mas sempre com algo pertinente e eficaz com espaço para mais oportunidades, do que ter o copo cheio de coisas que são momentâneas e até deixam marcas de vazio e fracassos.

Boas fases!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Faz o que eu digo...

... não faças o que eu faço.

Quem disse isto?
Não sei, mas era um sábio!

Em passeio por terras de Portugal, deparei-me com um pequeno anúncio de uma colega minha.
Mesmo não a conhecendo nem me tendo cruzado com ela, sinto-a como minha colega pois pertence ao vasto grupo de explicadores existentes neste nosso pequeno país.
Engraçado considerar, sem motivo algum, que a pessoa é do género feminino... Enfim, vá se lá perceber porquê!

O que me levou a parar e a olhar para o que estava escrito com olhos de ver foi o facto de "secundário" estar escrito ao lado de "5º".

Ora bem... Que nenhuma pessoa é uma máquina e que não comete erro algum, nós já temos em consideração.
No entanto, erros como este são um desastre para quem pretende ser o tutor, o mestre, o explicador.

O conhecimento e a sua transmissão passaram a ser vistos como tão banais que já pouco se pára para pensar no impacto que a nossa atitude diária tem nos outros. Que efeito têm os nossos pequenos erros.

Comecemos pelos ciclos: entenda-se que 1º ciclo é do 1º ao 4º ano, 2º ciclo é 5º e 6º anos, 3º ciclo é do 7º ao 9º, secundário é do 10º ao 12º.
Até aqui tudo bem, nada de subjetivo. Apenas um grande erro de impressão no anúncio.

O que é subjetivo é alguém conseguir afirmar que consegue dar explicações do 1º ciclo ao ensino secundário.
Será a todas as disciplinas? Se sim, esse explicador é um génio. Se o é, porque não tem um emprego menos precário?

Isto acontece com as explicações e também com todos os outros serviços.
Como há cada vez mais informação gratuita disponível, todos pensamos que somos autodidatas e que conseguimos ensinar o que sabemos.
Hum... Isso desvaloriza por completo cada uma das profissões e respetivos cursos para chegar até lá.
Que haja gente que tem um dom natural para determinada tarefa sem ser necessário (quase) tirar um curso para saber do assunto, isso já sabemos.
O que me espanta é a quantidade de especialistas sem especialização...

Temos que ter cuidado com o que fazemos, com o que somos e o que demonstramos ser, pois os mais novos tudo observam e são eles o nosso futuro.
Se criarmos fraudes hoje, viveremos na fraude o resto dos nossos dias...

O ditado "Olha para o que eu digo, não faças o que eu faço." é utópico e há provas dadas que o exemplo é a melhor forma de ensinar.

Boas explicações!