sexta-feira, 31 de julho de 2020

Ele anda aí



Ele anda aí mas nós também devemos continuar a andar, com todos o cuidados para a época que se vive, claro, mas nunca ficar à espera que passe.
Porquê?
Porque nas cabecinhas dos mais novos e de todos os outros, o que fica é o que deixamos ficar.
Isto é evidente quando encontramos um painel explicativo das espécies que podemos encontrar em determinado local e uma anémona é confundida com o coronavírus.
A anémona que é realmente arredonda, com tentáculos e de cor avermelhada (pelo menos esta espécie das mais de 100 espécies das Berlengas) vê-se menos popular no seu território do que o coronavírus.
Quando crianças que ainda não aprenderam a ler e a escrever conseguem identificar um vírus pela imagem, significa que de alguma forma estão a ser alvo de um agente que as ensina. Neste caso, a televisão e o seu jornalismo.
Ora, é engraçado até determinado ponto.
Se continuarmos a não sair, a limitar e a não arriscar, continuamos a afunilar as aprendizagens naturais e espontâneas dos mais novos. Continuamos a encher a cabeça dos mais velhos com problemas e medidas de proteção apenas.

Somos todos mais que isso.

Já que o turismo para o estrangeiro está bastante limitado, é de aproveitar o território português que temos.
Nem que seja ir ao aquário do concelho vizinho para ver peixes nadar, ou ir à mata mais próxima, ou à praia deserta e sem nada de aparentemente interessante, ou ao shopping ver montras.

Apenas não devemos deixar que o confinamento continue a fazer das suas. Não é bom para ninguém.

Bons passeios!

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Avisos explícitos



Nesta nova era em que se torna normal andar de máscara, desinfetar as mãos com frequência, estar a mais de 2 metros de pessoas desconhecidas e outras tantas regras, o melhor mesmo é escolher passeios simples mas tanto ou mais interessantes que outros.
Neste caso, destaco o Dinoparque na Lourinhã.
Podia aqui partilhar fotografias do que lá encontramos mas não o faço pois o primeiro impacto é sempre o melhor. Deixo isso para quem se aventurar na visita. 
No entanto, e porque vejo pedagogia em tudo o que olho, não resisto em partilhar estes avisos explícitos sobre o perigo de fumar.
Quem passeia por aqui com crianças curiosas, que são TODAS as crianças, corre o risco de ser alvo das seguintes perguntas:
"O que acontece aos homens se fumarem aqui?"
"O que acontece às mulheres se fumarem aqui?"
Podem arriscar responder:
"Se os homens fumarem aqui, o T-Rex arranca-lhes a cabeça."
"Se as mulheres fumarem aqui são levadas pelo Rhamphorhynchus."

Uma coisa é certa: fumar é perigoso, sem dúvida.
E outra coisa é a melhor opção: não se deve fumar no Dinoparque.

Os adultos mais sensíveis que se acalmem, pois as crianças não ficam traumatizadas com estes desenhos, apenas sensibilizadas para os perigos do tabaco.
Se fizessemos tudo assim de forma descomplicada, a vida seria mais simples.

Bons passeios!

terça-feira, 21 de julho de 2020

Atraso Mental e Ensino Profissional


Gostava de aqui deixar as melhores sugestões para os alunos com necessidades educativas especiais (NEE) que conseguem chegar ao ensino secundário.
Infelizmente, atingindo uma certa idade, o caminho torna-se muito mais penoso para todos: os alunos e os adultos que lhes querem bem.
Porquê?
Porque sabemos que têm a vida adulta pela frente e são mais as janelas e portas que se fecham do que as que se abrem.
Sendo otimistas, chegar ao secundário e conseguir escolher um curso em que o aluno consiga desempenhar o seu papel dentro das suas possibilidades e capacidades, já é uma excelente vitória.
Falemos do caso do Atraso Mental.
Quando um aluno tem um Atraso Mental de 4 ou mais anos diagnosticado, e consegue chegar ao ensino secundário aos 18 anos.
No caso do ensino profissional, via mais comum para alunos com um percurso escolar mais acidentado, os alunos são, desde cedo, colocados em situação de estágio profissional.
Ora, se o aluno com atraso mental de 4 anos, que tem 18 anos mas efetivamente pensa como tendo 14 anos (fosse isto simples como a matemática, mas não é...) é colocado em situação de ambiente laboral, o que poderá correr bem?
Correrá bem o seu acompanhamento com profissionais realmente competentes e com vontade de acolher no dia de trabalho um estagiário que precisa de mais atenção e e dedicação que os outros.
Então, o que fazer por eles, como pais e professores?
Comunicar de forma aberta com os profissionais do estágio que o irão acolher.
Os pais ou encarregados de educação falam com a escola sobre esta preocupação, a escola fala com a empresa ou entidade que receberá o estagiário.
A escola como dinamizadora de cursos profissionais pode até ser excelente para todos os alunos e todos os percursos escolares, mais ou menos bem sucedidos, mas deixa de o ser se opta colocar os seus estagiários em empresas ou entidades que não estão preparados para os estagiários que receberão.
No caso do aluno com Atraso Mental o que pode acontecer é não ter a maturidade suficiente para a proatividade, para a iniciativa, para a autoconfiança que devemos ter em situação de emprego.
E eis que isto acontece, o profissional que o acolheu pode facilmente deixar o aluno em situação penosa e com consequências irreversíveis que colocam em causa todo o percurso vitorioso feito até ali. Pode levá-lo à necessidade de medicação, ao reajustamento da mesma para acalmar a ansiedade e stress causados pois não sabem lidar com "maus tratos" verbais por parte de quem os deveria acolher.

A solução é uma comunicação aberta com todos os intervenientes, avaliar reais caminhos e não ir apenas com a corrente. E não desistir.

Boas comunicações!

domingo, 19 de julho de 2020

Ano letivo 2020/2021

Como mãe e como professora, tal como tantos outros pais e professores, mesmo estando em pleno mês de julho, é impossível pensar única e exclusivamente em férias.
Diariamente somos bombardeados com notícias, informações, opiniões, reclamações e acusações que nos deixam, pelo menos, à escuta sobre o que poderá ser a partir de meados do mês de setembro.
Ora, segundo o documento redigido pela Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), a situação está definida, dando total flexibilidade aos agrupamentos e escolas privadas que ajustarão a realidade e as necessidades a cada caso.
Incluindo a situação dos alunos que não têm facilidade de acesso tecnológico e de acompanhamento de adultos por muitos motivos que dariam espaço a outra conversa, que opto não ter por enquanto.
O documento tem como título "Orientações para a organização do ano letivo 2020/2021" e está disponível AQUI.
A Federação Nacional da Educação (FNE), está de acordo com o Ministério da Educação, apresentando propostas de melhoria e disponibilizando-se para trabalhar em conjunto. Podemos ver o artigo completo AQUI.
A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) chega a 17 de julho com um vídeo do respetivo Secretário-geral, dizendo algumas verdades, dando opiniões e fazendo ameaças ao Ministério da Educação. Podemos ver a notícia e vídeo completo AQUI.
Ora, a questão que me inquieta é sermos um povo tão pacífico que deixamos que tudo aconteça para reclamar depois.
Se o Ministério da Educação deveria ter avaliado o verdadeiro impacto da forma como o 3º período decorreu? Sim, deveria.
Como avaliaria? Ouvindo os professores e encarregados de educação.
Mas o Ministério diz que os consultou! Não... O Ministério consultou os diretores de agrupamento que, para o bem e para o mal, não conseguem dar voz a todos os professores e encarregados de educação.
Eu preenchi, como encarregada de educação, formulários sobre como decorreu o 3º período. Para onde foi o resultado desse questionário? Não faço ideia!

Estou a escrever e a reler este pequeno artigo e já estou cansada da confusão que escrevi... E isto é apenas um desabafo.
A realidade que temos em Portugal é bastante mais confusa do que estas palavras.
Basicamente, ninguém se entende porque ninguém comunica realmente... Tentam, mas não o fazem...
Quando falamos sobre este assunto com alguém de alguma responsabilidade, é quase tudo tabu e ultrassecreto! Porquê? Não entendo...

Confiamos no nosso Ministério da Educação e respetivos profissionais ou não? São eles que ditam as regras e/ou orientações.
Confiamos nos Diretores de Agrupamento de Escolas e Escolas Privadas ou não? São eles que fazem cumprir as regras tornando a lei exequível e que ajustam as orientações à realidade do contexto em que o estabelecimento está inserido.
Confiamos nos Professores ou não? São eles que representam a Escola, independentemente das regras e orientações, ajustando às suas competências e capacidades a prática letiva possível para determinada turma e contexto.
Confiamos nos Encarregados de Educação ou não? São eles que dão feedback honesto e frontal sobre a realidade de cada aluno.
Se cada um fizer a sua parte e se os outros confiarem nisso, talvez consigamos chegar a algum sítio. Se não fizermos isso, continuaremos aqui nesta situação esquisita e vergonhosa, sem qualquer tipo de estabilidade ou lógica e eu continuarei a tentar ter a televisão desligada na hora do telejornal.
Ah! Nada disto é consequência do COVID-19... Esta pandemia só veio mostrar aquilo que realmente somos como comunidade educativa, TODOS, sem empurrar responsabilidades.

Boas confianças!


quinta-feira, 16 de julho de 2020

Experiências de verão



Podiam ser de inverno, outono ou primavera, mas é no verão que aproveitamos para várias coisas, tal como, terminar aquilo que não conseguimos durante o ano letivo.
A sugestão que deixo é explorarem as experiências dos manuais de Estudo do Meio (1º ciclo), Ciências Naturais (2º e 3º ciclo) e Físico-Química (3º ciclo).


Para quê?
Para consolidar as aprendizagens dos conteúdos abordados durante o ano letivo e criar a oportunidade de experimentar o que no último período letivo não foi possível por ter sido à distância.
Não temos os materiais?
Temos, a maioria estão na nossa cozinha. Os que não temos podem bem ser substituídos por outros semelhantes.


Neste caso, precisavamos de 18 copos de iogurte. Hum... Podem ser substituídos por outros copos, mesmo sendo todos diferentes!

O que importa mesmo é que:
- Seja divertido;
- Satisfaça a curiosidade natural que TODAS as crianças têm;
- O adulto que acompanha experimente em vez de avaliar;
- Sejam distribuídas tarefas pelos participantes;
- Seja desenvolvida a leitura em voz alta, pois todas as experiências têm um protocolo escrito;
- Sejam conversadas as observações;
- Sejam definidas as conclusões.

No caso de gostarem de realizar as experiências, há bastantes sites que disponibilizam gratuitamente experiências de todas as áreas e para todas as idades. Com muita água, no campo, no mar, com luzes, com tintas, ... É só pesquisar!

Boas experiências

terça-feira, 14 de julho de 2020

Sugestão da Professora é regra


"O manual de Matemática traz dinheiro a fingir, mas é igualzinho ao verdadeiro!"
A brincadeira de uma tarde de férias por casa pode ser a aplicar os conhecimentos adquiridos durante o tempo letivo. O importante é brincar sem grandes exigências e expetativas. Naturalmente as coisas acontecem.
Apesar do 3º período ter sido à distância, alguns professores conseguiram transmitir conhecimentos, despertar interesse nos alunos, levá-los à prática e ainda brincar com eles.
Dou os parabéns à Professora que sugeriu brincar às compras para melhor conhecerem o dinheiro e conseguirem fazer cálculos cada vez mais complicados com ele. Na sessão síncrona que foi dinamizada por esta Professora, a mesma deixou esta sugestão. Como as sugestões da Professora são como regras, o dinheiro passou a fazer parte do rol de brincadeiras cá em casa.
Então, nada melhor do que ir à caixa dos brinquedos e inventar lojas. Se houver adultos disponíveis, o ideal é colocar os preços o mais aproximado da realidade possível.


No meu caso, optei pela realidade de Lichinga (em Moçambique) onde as vendedoras me vendiam as frutas e legumes pelo lugar ou peça e não pelo peso. Se assim não fosse, teria que abordar conceitos como peso e ainda não o posso fazer. Depende muito da idade de quem está a brincar. Se forem mais velhos, podemos pesar numa balança a sério e fazer os cálculos mentais, por escrito ou calculadora.
Se as crianças forem muito novas, numa fase inicial é melhor serem cálculos bastante simples de modo a cativar e não levar à desmotivação.
À medida que vai ficando mais fácil, de semana para semana, o adulto pode ir colocando preços com decimais, por exemplo, 1,5€ e posteriormente 2,75€.
É importante não esquecer que os mais novos não sabem, pura e simplesmente, fazer cálculos com vírgulas. Para além de que a noção de cêntimos e euro não é espontânea e, para alguns, é bastante complicado de entender. O dinheiro é ensinado antes do cálculo com casas decimais.
Se houver irmãos mais novos, a sugestão é dar tarefas diferentes da contagem de dinheiro e cálculos dos trocos, pois rapidamente a brincadeira pode passar a ser um momento sério de frustração visto ainda não terem o desenvolvimento cognitivo para dar resposta à dificuldade implícita.
Neste tipo de brincadeiras as crianças aprendem o dinheiro mas também aprendem a linguagem corrente de boa educação "Boa tarde", "Desculpe, pode ajudar-me.", "Pode dizer-me quanto custa?", ...
É um desafio fantástico! E se quisermos, podemos fazê-lo em inglês, ou noutra língua que o adulto domine. É no brincar que aprendemos mais, principalmente as crianças.
Porquê?
Porque somos motivados a descobrir, arriscar sem medo de erro, dar espaço à imaginação e criatividade. O cérebro é livre e cresce, voa.

Boas brincadeiras!

sábado, 11 de julho de 2020

Ao virar da esquina


Em tempos de desconfinamento, muitos são os receios que temos como pais ou responsáveis pelos mais novos.
Mas, com eles, os mais novos, tudo é tão simples...
Se estão enteados em casa, sem querer arriscar ir para a praia e parques pelas enchentes que o calor faz aparecer, basta sair à rua.
Ao virar da esquina encontramos mil e uma curiosidades para os mais pequenos. Temos é que estar disponíveis para esclarecê-los!
Então, esta caixa grande com um telefone esquisito lá dentro, no meio do passeio, para que serve?
E o que é?
É de quem?
Temos que ter cuidado com o telefone não desinfectado mas, fora isso, já dá para tanto, tantas histórias, tantas curiosidades...
Respondemos às questões que colocam e acrescentamos aquela informação que nem eles sabem perguntar por desconhecimento total.
Dá para por moeda!! E cartão!
Enfim, se nós, adultos, sairmos com o único objetivo de dar uma volta a pé, ao virar de cada esquina temos um final de tarde ou início da manhã (altura mais fresquinha) bem passados.

Bons passeios!