quarta-feira, 15 de maio de 2013

Dia Internacional da Família


"O Valente Alfaiate

Há muitos anos, vivia numa cidade pequena um rapaz cuja a única coisa que herdara do seu pai fora uma humilde alfaiataria.
Numa tarde muito quente de Verão, o alfaiate estava a coser um fato enquanto imaginava aventuras fabulosas e viagens fantásticas pelo mundo fora.
Tinham entrado muitas moscas na alfaiataria e eram tão incómodas que o alfaiate acabou por persegui-las, armado com um mata-moscas, imaginando que eram inimigos com os quais travava uma dura batalha.
Num dos golpes, deixou estendidas sobre a mesa sete moscas grandes e gordas.
O alfaiate tinha muita imaginação e imaginou que as sete moscas eram sete guerreiros que ele tinha vencido sozinho no campo de batalha.
Tanto pensou na sua façanha que acabou por acreditar que as sete moscas tinham sido sete guerreiros ferozes de verdade e, cheio de orgulho pela vitória, coseu uma faixa de seda e bordou nela estas palavras: «Matei sete com um golpe».
Com a faixa ao peito, passeou pela cidade, e todos o olhavam espantados, pensando na valentia daquele rapaz que tinha morto sete de uma só vez. A sua fama espalhou-se pela cidade.
Um dia chegou à alfaiataria um mensageiro do rei. Procurava o rapaz para que livrasse o reino de dois terríveis gigantes que se encontravam num bosque próximo dali.
Na realidade, o alfaiate era cobarde mas, para justificar a fama que havia ganho, encaminhou-se para o bosque onde viviam os gigantes.
Pelo caminho traçou um plano para os vencer.
Quando chegou ao local, observou os dois monstros e começou a tremer. Mas já não havia outra solução e, subindo a uma árvore, esperou que os gigantes adormecessem.
Mal começou a ouvir os seus roncos, subiu para os ramos da árvore mais próxima deles e deixou cair uma pedra sobre o nariz do maior.
Furioso, o gigante levantou a mão e deu uma palmada ao seu companheiro, pensando que este estava a troçar dele. Pouco faltou para que começassem a lutar, mas voltaram a adormecer e novamente os tremendos roncos ecoaram no bosque.
O alfaiate atirou outra pedra, que voltou a cair sobre o nariz do gigante maior, o qual acordou sobressaltado e, zangado, levantou-se e deu um valente pontapé ao companheiro.
- Já vais ver! - gritou o gigante que levou o pontapé.
Ao fim de uma hora, os dois gigantes tinham-se batido tanto que caíram esgotados um em cima do outro.
Quando se sentiu seguro, o alfaiate desceu da árvore e certificou-se de que os gigantes estavam fora de combate.
Pôs-se a caminho do palácio para contar o que se tinha passado.
O rei ordenou que os sinos tocassem e os pajens da corte proclamaram a notícia de que a bela filha do rei se ia casar com o "Valente Alfaiate"."

In Contos para adormecer, Outubro de 2010, Everest Editora

A moral da história difere de pessoa para pessoa.
Quem lê um conto associa a mensagem à sua realidade.
Neste Dia Internacional da Família, a minha moral da história encaminha para um enorme agradecimento à minha família que nunca deixou, em qualquer altura, que os supostos "Valentes Alfaiates" conseguissem que as suas pedras alterassem a nossa harmonia enquanto família.
O que vem de fora da nossa intimidade, das nossas relações mais sinceras, pouca importância tem pois quem permanece são as verdadeiras relações, sem base na mentira e no fazer só porque sim e porque parece bem. E isso foi o que a minha família me ensinou a manter e a ser.

Boas relações!

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