sexta-feira, 24 de abril de 2020

O meu filho e a telescola


Podia aqui fazer uma grande reflexão sobre o impacto da telescola nos meus filhos... Não irei fazê-lo pois até tento não pensar muito sobre o assunto.
Mas quando elas aparecem mesmo debaixo do nosso nariz, paramos para pensar ou, pelo menos, para respirar fundo, muito fundo!
Estava eu no meu computador a trabalhar, como tantos milhares de pais nesta altura, quando o meu filho mais novo, com 5 aninhos acabadinhos de fazer, vem ter comigo e diz:
- Mamã, sabes, eu estava na cozinha a ver televisão (a dita telescola) e precisei experimentar o sal e ele espalhou-se pelo chão....
- Foi? Comeste sal? Espera um bocadinho que estou mesmo acabar isto...
Passados uns minutos, ouvi a mais velha (entenda-se, tem 6 anos) a ir à cozinha (também na telescola mas do 1º e na sala) e a dizer:
- Xi! Se a mamã vê isto! Fizeste mesmo asneira! Vou varrer para ela não se chatear.
Confesso que fiquei preocupada mas pensei "Hum... Dizem que estou sempre atrás deles a controlar... Vou dar espaço, afinal, sal não é grave..."
Depois de mais uns minutos, talvez muitos minutos... Fui à cozinha e lá estava o rasto, segui-o e descobri que ele não experimentou comer sal mas sim farinha pois havia um grande caminho de farinha varrida até à caixa da farinha na despensa.
Respirei quinhentas vezes muito fundo e pensei na telescola e nos conselhos todos que são dados neste tempo: deixem os filhos aprender as coisas da casa!
Já devo ter a lavagem cerebral feita, após 43 dias em casa com eles... Então, continuei muito calma e nada fiz, sem ser fazer com que o rasto de farinha desaparecesse de vez... Nada fiz, naquela altura...
Quando estávamos à mesa para almoçar lembrei-me das tigelas que estão na fotografia e coloquei numa farinha e noutra sal.
- Cheirem e provem um bocadinho de cada tigela e digam-me que cheiro e sabor sentem.
Eles ficaram tão quietinhos a olhar para mim de olhos esbugalhados que tive vontade de me rir às gargalhadas mas não ri, mantive-me muito séria, como se lhes fosse dar um belo raspanete.
Lá provaram, não fosse eu mudar para um discurso mais severo...
Conversamos calmamente sobre o sal e a farinha e as suas diferenças. Gabei a excelente inteligência da mais velha pois sabia que iria sobrar para ela caso eu encontrasse a cozinha cheia de farinha e repreendi ligeiramente o mais novo...
No dia a seguir, a telescola no pré-escolar oferece como desafio nada mais nada menos do que ir buscar farinha, sal e misturar com água e óleo.
Mal viu isto, o meu rapaz perguntou:
- O que é óleo, temos em casa?
Ora bem, isto é tudo muito giro mas, qualquer criança tem em si uma curiosidade enorme, gigante, por tudo o que mexe e não mexe. A única forma de satisfazer essa curiosidade é ir lá com as mãos e, grande parte das vezes, com a boca.....
Este episódio foi bom, mas tantos e tantos outros que nos deixam com os cabelos em pé!
"Deixa, é sinal que é uma criança normal..." Tento pensar eu.

Boas aventuras por aí!

Sem comentários:

Enviar um comentário